Os cabos submarinos que carregam o tráfego de dados da Internet entre os continentes ao redor do mundo são fundamentais para garantir uma boa experiência de navegação digital. Porém, há muitos países mal servidos por essa infraestrutura, e/ou que sofrem com preços elevados pelo seu uso, o que se reflete no custo da conectividade. Obviamente, os que mais sofrem são países emergentes, especialmente na África, no Sudeste Asiático e nas Américas Central e do Sul. Na tentativa de combater esse problema, a recém criada Global Digital Inclusion Partnership (GDIP) está preparando uma proposta de marco político-regulatório internacional para cabos submarinos, a ser apresentado no começo do ano que vem.

“Com a expansão rápida do setor digital, mesmo países onde parece haver muitas opções de cabos submarinos nem sempre a capacidade é suficiente. Um percentual alto do custo do total da acessibilidade está no uso desses cabos submarinos”, comenta Sônia Jorge, diretora executiva e fundadora da GDIP, em conversa com Mobile Time.

O marco conterá recomendações sobre o uso de cabos submarinos. Obviamente, caberá ao governo e ao parlamento de cada país a decisão de adotá-las ou não, e de como implementá-las. “Queremos criar um marco que sirva como uma base clara para todos os países e organizações, e que faça sentido para todos os atores”, complementou.

Além da distribuição desigual pelo mundo e da falta de capacidade que resulta em preços elevados,  Jorge critica a desigualdade na ocupação dos cabos. Ela discorda, contudo, que a solução pudesse estar na gestão dessa infraestrutura pelo Estado. Na sua opinião, o melhor solução costuma ser o de parcerias público-privadas.”Aí existe um equilíbrio entre o interesse publico e o privado, equilibrando a oportunidade de investimento e a oferta. Quando é só um ou outro acaba acontecendo um desequilíbrio”, comenta.

Aliança global

A GDIP nasce como uma aliança global reunindo mais de 35 organizações do mundo inteiro, incluindo as brasileiras NIC.br e FGV. Sua missão é promover a inclusão digital e a conectividade significativa nas suas mais diversas dimensões, especialmente em países emergentes.

“Nosso trabalho é lidar com as diversas dimensões da inclusão digital, o que tem a ver com gênero, diferenças entre zonas rural e urbanas, diferenças geográficas não apenas dentro de um país, mas no mundo etc. E vamos tratar também das habilidades para criar, produzir, inovar, e proteger os nossos dados, para usar a Internet de forma segura. São temas cada vez mais críticos”, conclui.