O aplicativo LiveMe (Android, iOS), uma rede social chinesa com transmissões ao vivo, está em busca de crescimento em sua base de usuários na América Latina. Com mais de 100 milhões de usuários ativos, a empresa tem atuação forte nos Estados Unidos, na China e nos Emirados Árabes Unidos, e começa a apostar no Brasil para crescer na região latino-americana.

“Estamos crescendo no Brasil e na Europa. A visibilidade é maior que um Instagram (600 mil horas de conteúdo diário)”, disse Cindy Wu, COO da LiveMe no Brasil. “EUA é o nosso mercado mais consolidado, e estamos crescendo nos Emirados Árabes. O Brasil tem mais broadcasters do que consumidores. É o 4º ou 5º no mundo”.

Modelo de negócios

No LiveMe, os influenciadores digitais fazem transmissões de vídeos (lives), interagem com os internautas via chat e recebem presentes virtuais de espectadores. Os presentes chegam por meio de moedas virtuais e diamantes. O app tem uma gamificação que permite aos broadcasters ganharem mais moedas e diamantes se cumprirem desafios na plataforma, como fazer uma Live com alguns milhares de usuários.

Na plataforma, 350 diamantes equivalem a US$ 1. Enquanto 15 moedas valem R$ 0,99. A divisão dos ganhos fica 30% para os influenciadores (aqui chamadas de transmissores) e 70% para a rede social. As compras acontecem por cartão de crédito. Contudo, a executiva acredita que há potencial para ter outros meios de pagamento na plataforma. Citou que fez parceria com operadoras para vender as moedas via SMS.

Criado em 2016, o app tem um braço de publicidade que funciona apenas fora do País. A companhia faz ações de marketing com a Huawei na Índia e no festival musical Coachella nos EUA. Mas não há publicidades dentro do serviço.

Usuários

Sem revelar os dados regionais, Wu disse que o LiveMe acumula 150 milhões de downloads e registra 139 milhões de minutos em live por dia. É o app número 1 em arrecadação na categoria de mídia social nos EUA e o 5º gratuito de mídia social no mesmo país, segundo a App Annie. O seu público é formado em sua maioria (75%) por pessoas com idade entre 18 e 35 anos. A maior parcela dos usuários é masculina (60%), contudo, as mulheres fazem mais lives (70%). A média de interação por pessoa nas lives é de duas horas por dia.

Brasil e influenciadoras

Trazendo um pouco deste cenário para o Brasil, a LiveMe apresentou à imprensa três exemplos de transmissoras que fazem sucesso na plataforma. Essas jovens fazem lives e se relacionam com usuários diariamente. As influenciadoras recebem presentes como iPhone, voucher de R$ 1 mil para viagem na CVC, viagem internacional, ida ao Rock in Rio com tudo pago em setembro, além de um faturamento que pode variar de R$ 4 mil a R$ 6 mil.

Um dos exemplos é Ana Cláudia Mendes, que possui 220 mil seguidores na plataforma e faz transmissões ao vivo diariamente, entre 2 e 4 horas. Com posições altas no ranking de audiência, a jovem ganhou uma viagem internacional para Taiwan. Já Karina Guarin Mendes e Silva usa os espaços da lives para cantar para seus 50 mil usuários. Ela recebe uma renda mensal de até R$ 5 mil. Por fim, Sabrina Rigueira ressalta que a renda pode variar de mês a mês, mas já recebeu 1,5 milhão de diamantes na plataforma.

As jovens chamam a atenção para o fato de que a maioria dos doadores (gifters) são de regiões asiáticas. Tanto que suas lives ocorrem depois das 22h e de madrugada.

Estrutura

Por enquanto, a estrutura do LiveMe no Brasil é bem enxuta. Wu e outros dois executivos tocam a operação em um escritório dentro do WeWork Paulista, em São Paulo. A COO ressaltou que espera um crescimento da plataforma em usuários, e gastos deles, para aumentar a operação.

Ética e privacidade

Quando questionada sobre a privacidade, Cindy Wu, do LiveMe, disse que há 160 auditores e uma aplicação de inteligência artificial para garantir o bom funcionamento da plataforma, uma vez que os perfis são abertos – qualquer um pode ver uma transmissão de outra pessoa. Além disso, o transmissor (influenciador) pode escolher cinco pessoas para ajudá-lo a administrar a plataforma e bloquear pessoas indesejadas.

Em relação ao diferencial do LiveMe ante outras redes sociais e plataformas de gamificação, Wu frisou que sua empresa evita a sensualização existente em outros serviços: “O LiveMe é um dos maiores apps dos EUA. Ele tem um conteúdo mais puro, de entretenimento, de amizade, de rede social. Tirando os apps de gaming, os outros são mais sexualizados. Não pode foto de costas ou decote muito avantajado, isso nós não permitimos. Além disso, não aceitamos menores de idade na plataforma”.