Parler

Site do Parler fora do ar

[Matéria atualizada em 11/1/21, às 18h44] No sábado passado (9), as lojas de aplicativos Google Play e App Store removeram o app Parler sob a alegação de que a aplicação não havia policiado adequadamente os seus usuários, permitindo que muitos incentivassem a violência e o crime durante a última quarta-feira (6), quando manifestantes pró-Donald Trump invadiram o edifício do congresso nos Estados Unidos. De acordo com o NY Times, no final do mesmo dia, a Amazon informou que tiraria a ferramenta de seu serviço de hospedagem na web a partir de domingo (10) pelo fato de o Parler ter violado repetidas vezes as regras da empresa de Jeff Bezos. A história está apenas começando. Nesta segunda-feira, 11, Parler entrou com um processo contra a Amazon, acusando-a de violar as leis antitruste ao remover a ferramenta de seu servidor.

O Parler pediu uma ordem de emergência para rejeitar o encerramento de sua conta da Amazon, dizendo que era o equivalente a “desligar um paciente de hospital em aparelhos de suporte de vida”. A Amazon “acabará com os negócios de Parler – no exato momento em que ele está prestes a disparar”, diz a denúncia

Em um comunicado na Internet, John Matze, CEO do Parler, afirmou que os gigantes da tecnologia agiram em um “esforço coordenado” para “remover completamente a liberdade de expressão da Internet”. Parler, disse ele, provavelmente ficaria indisponível na Internet por até uma semana, começando à meia-noite de domingo. Mas, continuou, a empresa havia se “preparado” ao não depender da infraestrutura proprietária da Amazon e estava procurando um novo provedor de hospedagem.

Ainda no sábado, em uma carta ao Parler, a Amazon disse que enviou à empresa 98 exemplos de postagens em seu site que incentivam a violência e que muitos continuam ativos. “Está claro que o Parler não tem um processo eficaz para cumprir as regras da Amazon”, diz a empresa na carta. A Amazon “fornece tecnologia e serviços para clientes em todo o espectro político e continuamos a respeitar o direito do Parler de determinar por si mesmo que conteúdo permitirá em seu site. No entanto, não podemos fornecer serviços a um cliente que é incapaz de identificar e remover com eficácia o conteúdo que incentiva ou incita a violência contra outras pessoas.”

Apesar dos esforços de Matze em levar o Parler para outro servidor, o CEO está encontrando muitas portas fechadas para sua ferramenta. Em seu último comunicado, o executivo informou que o aplicativo perdeu a maioria de seus outros fornecedores, além de Apple, Google e Amazon e, por isso, deve ficar offline mais tempo do que o esperado. “E a maioria das pessoas com servidores suficientes para nos hospedar fecharam suas portas para a gente”, completou.

Respostas

O Google se pronunciou para explicar as razões do banimento do Parler de sua loja. De acordo com um porta-voz da empresa, o objetivo é manter a segurança dos usuários da Google Play e seguir suas políticas – que exigem regras de moderação e fiscalização dentro dos apps que permitem conteúdos de terceiros

“Com o objetivo de manter a segurança das pessoas que utilizam o Google Play, nossas políticas, tradicionalmente, exigem regras de moderação e fiscalização para aplicativos que permitem conteúdo de terceiros. “Estas regras preveem, por exemplo, a remoção de postagens que incitam a violência. Todos os desenvolvedores que disponibilizam seus apps na Google Play concordam com estes termos e, durante os últimos meses, temos lembrado os responsáveis pelo aplicativo Parler destas políticas.”

A empresa reconhece que o debate sobre as políticas de conteúdo deve ser mais frequente e aberto, e que é “difícil” remover imediatamente todo o conteúdo violador. “Entretanto, reiteramos que, para distribuir um aplicativo por meio do Google Play, é preciso uma moderação robusta que permita identificar este tipo de conteúdo. Neste contexto de ameaça urgente à segurança pública nos EUA, suspendemos a listagem deste aplicativo na Play Store até que se apresentem soluções para esses problemas”, finaliza a nota enviada à imprensa.

A Apple optou por não se pronunciar. Porém, de acordo com o noticiário internacional, a empresa deu um ultimato de 24 horas ao Parler na última quinta-feira (7) para remover o conteúdo que incitava violência de seu aplicativo.

Sobre o Parler

A aplicação surgiu em 2018 e começou a chamar atenção, em meados do ano passado, como uma alternativa ao Twitter e Facebook que, segundo o Parler, não trabalhariam para proteger a liberdade de expressão. O aplicativo caiu nas graças de um público mais conservador, entre eles os admiradores de Donald Trump, embora o próprio não o use. No site, antes de ser apagado da Internet, um texto explicava a rede: “Parler é uma plataforma social não-enviesada focada em diálogo aberto e engajamento de usuários. Nós permitimos a liberdade de expressão e não censuramos ideias, partidos políticos ou ideologias”.