A Ford não pretende cobrar pela conectividade celular que oferece hoje como um adicional em seus veículos. De acordo com Rogelio Goldfarb, vice-presidente da companhia na América do Sul, o acesso “é um pilar fundamental” para o seu futuro, além de ver como habilitador para oferecer produtos e serviços aos consumidores.

Em sua visão, a proposta que algumas rivais fazem com degustação para depois cobrar conectividade é um tiro no pé: “Hoje conseguimos imaginar o que podemos oferecer ao cliente no futuro. Nós podemos desenvolver novos serviços que ninguém pensa. Só depois disso vou agregar valor e poderei cobrar pelos serviços, pois tem valor para o consumidor”, completou.

Vale dizer, a companhia tem atualmente 100 mil carros conectados na América do Sul, a maioria no Brasil e na Argentina.

Estratégia

Da esq. para dir: Luciano Driemeier, gerente de conectividade da Ford; Roberta Mädke, gerente de responsabilidade social da Ford; Rogelio Goldfarb, VP da Ford na América do Sul; e André Oliveira, diretor de tecnologia da Ford (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Goldfarb relatou que a preocupação da Ford é como se diferenciar no mercado, ante os rivais. Para isso, a montadora vê o software como diferencial para “estar um passo à frente” e desenvolver produtos e serviços que hoje podem agregar valor ao consumidor, mas que podem se tornar padrão nos carros nos próximos cinco anos.

Nessa estratégia, O VP da Ford explicou que a companhia aposta em três pilares:

  1. A conectividade veicular, uma vez que a arquitetura dos carros passa a ser baseada em uma rede de sensores capaz de gerar dados, como é o caso da nova pick-up Ranger;
  2. A tecnologia permeando toda a empresa, como a inteligência artificial para analisar os dados massivos vindos dos veículos;
  3. O avanço e o preparo do capital humano.

“Por causa disso (nova arquitetura), nós precisamos mudar o mindset da empresa”, disse o VP, ao introduzir os avanços recentes da montadora. “Temos um diferencial competitivo enorme: um centro de desenvolvimento com mais de 1,6 mil especialistas no Brasil. Eles exportaram R$ 500 milhões em 2022 para os EUA. Esse centro é um exemplo de diferencial que nos ajuda a mudar a nossa cultura. O próprio prédio que estamos está localizado em um centro financeiro e de startups (Vila Olímpia). Não estamos mais em uma planta de manufatura”, disse.

Ainda de acordo com André Oliveira, diretor de engenharia da Ford, o centro de desenvolvimento é responsável por produzir 35% da tecnologia global da companhia.

Imagem no alto: ilustração de Nik Neves