|Mobile Time Latinoamérica| Um novo relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que persistem acentuadas disparidades territoriais na disponibilidade e no desempenho das redes de banda larga entre zonas urbanas e rurais, tanto em países membros da OCDE quanto em economias emergentes.

O estudo, que analisou dados de mais de 60 países entre 2019 e 2024, em velocidade, latência, qualidade da rede e cobertura, mostra que as regiões metropolitanas contam com velocidades de download fixo e móvel superiores em comparação às áreas rurais.

No final de 2024, os usuários urbanos dos países da OCDE experimentaram velocidades de download móvel 37,2% mais altas do que os usuários rurais (74,5 Mbps contra 54,3 Mbps), enquanto a velocidade de download fixo foi, em média, 43,8% maior nas cidades.

Conectividade como direito básico

Embora cerca de 50% dos países da OCDE já considerem o acesso à internet um direito básico, equiparado à água ou à eletricidade, a cobertura de banda larga fixa de pelo menos 30 Mbps só está disponível para 78,5% dos domicílios rurais, frente a uma cobertura significativamente maior nas áreas urbanas.

Apesar do avanço da implantação de redes 5G, que já alcançam 83,6% da população dos países da OCDE, a adoção ainda é limitada. Os usuários passaram apenas 8,8% do tempo conectados a essas redes em 2024.

Desigualdades na América Latina

Na América Latina, Colômbia, Chile, México e Costa Rica fazem parte da OCDE. Brasil, Argentina e Peru estão em processo de adesão, mas para este estudo foram incluídos na análise.

Essas economias fora da OCDE enfrentam obstáculos adicionais, como deficiências nas redes elétricas e de transporte, além de limitações do lado da demanda, como baixa renda e habilidades digitais restritas, o que acentua as disparidades urbano-rurais e demanda estratégias mais personalizadas.

Embora a latência em redes móveis tenha melhorado no geral — com a média da OCDE passando de 34,2 ms para 28,1 ms entre 2019 e 2024 — as áreas rurais continuam apresentando tempos de resposta mais lentos. Na Colômbia, a diferença entre regiões metropolitanas e distantes nesse indicador permaneceu estável em torno de 6 ms, afetando a fluidez de aplicativos sensíveis ao atraso, como jogos online, videochamadas ou plataformas educacionais.

Embora a adoção do 5G avance, as zonas rurais ainda enfrentam maiores problemas de latência e disponibilidade de sinal. Na Colômbia, Costa Rica e México, a diferença em qualidade consistente (uma métrica que inclui velocidade, latência, jitter e estabilidade) entre zonas urbanas e rurais ultrapassa 10 pontos percentuais, segundo dados da Opensignal.

Além disso, as áreas rurais desses três países registraram mais de 2% do tempo sem sinal móvel durante o quarto trimestre de 2024, enquanto nas cidades esse percentual foi igual ou inferior a 1%.

No caso da velocidade fixa, na Colômbia, por exemplo, a diferença absoluta entre regiões metropolitanas e não metropolitanas foi a mais alta entre todos os países da OCDE: 106,1 Mbps, uma disparidade superior a 40 pontos percentuais.

Em termos absolutos, os países candidatos à OCDE com maiores desigualdades em velocidade fixa são Peru (173,7 Mbps), Brasil (97,8 Mbps) e Argentina (93,8 Mbps).

No caso peruano, as velocidades médias nas cidades superam em 246% as das zonas rurais, enquanto na Argentina e no Brasil as cidades oferecem velocidades 139% e 123% mais rápidas, respectivamente.

O papel da política pública e da cooperação internacional

O relatório destaca que marcos regulatórios sólidos e políticas de concorrência são fundamentais para estimular o investimento em redes. Além disso, o mapeamento detalhado da cobertura de banda larga é essencial para planejar programas de financiamento público e garantir uma alocação eficiente de recursos. Atualmente, 82% dos países da OCDE publicam mapas de cobertura, e quase metade utiliza dados abertos ou crowdsourcing.

O estudo conclui que harmonizar os indicadores de conectividade subnacionais e promover uma cooperação internacional mais robusta serão passos cruciais para reduzir as lacunas digitais.

A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA

 

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