Vint Cerf, no telão, e Demi Getschko, que moderou a conversa. Foto: Antônio Carlos Franzin/Divulgação

Segundo a UIT (União Internacional de Telecomunicações), cerca de 4,9 bilhões de pessoas, ou 63% da população mundial, tiveram acesso à Internet, em 2021, número que só aumenta com o passar dos anos. Restam ainda aproximadamente 2,9 bilhões de pessoas que não se conectaram à rede. Dessas, muitas farão isso pela primeira vez por meio de um smartphone. Quem fez a constatação foi um dos fundadores da Internet, Vint Cerf, em palestra realizada nesta quinta-feira, 11, em evento sobre o 5G promovido pelo Ministério das Comunicações, na cidade de São Paulo.

“Nem todos no mundo têm acesso à Internet e isso é algo que precisa ser corrigido. É minha convicção que estar online é valioso. Não só do ponto de vista do acesso à informação, mas também do potencial multiplicador para o desenvolvimento econômico”, disse. “Para muitas pessoas ao redor do mundo, sua primeira introdução aos serviços de Internet será por meio de um smartphone. Essa implementação do 5G mostra que qualquer pessoa no planeta na próxima década deve ter acesso à internet”, previu o norte-americano.

Existem muitas razões para quase metade da população do mundo não ter acesso à Internet. Ele explicou que, em alguns casos, há carência de infraestrutura. Em outros, o acesso é muito caro. Há ainda locais em que o governo é responsável pelas comunicações do país, desencorajando investimentos do setor privado. Por último, se as pessoas não sabem como tirar proveito da Internet, sua tecnologia e conectividade, criar trabalhos e negócios em cima disso, ela não tem sucesso em alcançar seu potencial.

Futuro

Ainda assim, há muitos desafios para melhorar a experiência daqueles que podem se conectar à rede. “Eu gostaria de enfatizar o quão importante é que os dispositivos dos quais dependemos sejam confiáveis e capazes de manter a nossa privacidade e segurança”, afirmou, dando como exemplo utilizações a Internet das Coisas, algo que é muito mais fácil com o 5G. “Nós descobrimos que a Internet é um sistema amplificador que não necessariamente sabe a diferença entre informação ruim e boa. Ela simplesmente amplifica qualquer coisa”, adicionou.

A solução para os problemas não é tão simples. Para ele, deve haver educação desde cedo sobre o ambiente online e seus potenciais riscos. Pensamento crítico também é um fator determinante para saber distinguir informações ruins, como notícias falsas e desinformação, daquelas boas. Mas além disso, governos precisam saber cooperar para ajudar em casos que envolvam pessoas de diferentes países, algo comum numa rede tão globalizada.

Sobre o futuro, Cerf prevê a conectividade extrapolando barreiras terrestres. “Estamos nas fases iniciais da implementação de uma rede planetária androide. Para aqueles que estão acompanhando um pouco isso, sabem que estamos à beira de a humanidade entrar em um período de comercialização no espaço”, disse. “Certamente, até meados deste século teremos vários satélites em órbita ao redor dos vários planetas. Eles estarão se comunicando entre si por meio de um novo backbone planetário que, a essa altura, ajudará não apenas seres humanos e exploração robótica, mas também em atividades potencialmente comerciais.”