Ilustração: La Mandarina Dibujos

A Apple prometeu deixar mais claro quais são os motivos para a remoção de aplicativos da App Store. Investidores ativistas firmaram um acordo com a companhia para que ela assegure o compromisso, no começo do mês de janeiro de 2022. A big tech vai dar mais detalhes a investidores sobre o processo de banimento de apps, em seu relatório de transparência. 

De acordo com três pessoas familiares com o acordo, consultadas pelo Financial Times, a Apple concordou em publicar a base legal dos pedidos de remoção feitos por governos, no próximo relatório. Também se comprometeu a divulgar quantos aplicativos são removidos por violar diretrizes da App Store ou dos contratos de licença de desenvolvedores, por país. No entanto, ela não vai explicar os motivos para remoção de cada app, individualmente, como foi requisitado pelos investidores.

Atualmente, a Apple revela apenas quantos apps cada país pediu para remover da App Store, se esses pedidos são baseados em violações legais e se a companhia acatou. Esse modelo de divulgação deixa os acionistas sem saber o que está por trás dos banimentos, impedindo que analisem as decisões da Apple, de acordo com Constance Ricketts, head de ativismo de acionistas da Tulipshare (Android, iOS), plataforma britânica de investimento ético e ativista.

A mudança de postura se deu devido às alegações de que remoções de apps, a pedido de países como China e Rússia, podem representar uma ameaça à liberdade de expressão. Em março de 2022, quase um terço dos acionistas da Apple apoiaram uma resolução pedindo mais transparência sobre as relações da big tech com governos estrangeiros, no encontro anual de acionistas da big tech.

A petição foi liderada pela Tulipshare e pela Azzad Asset Management, companhia americana que oferece soluções de investimento Halal, isto é, que se adequam ao islamismo. Os acionistas pediram à Apple que dê mais detalhes sobre por que certos apps, como da Bíblia e de estudos do Corão, foram banidos na China sem explicações, em 2021.

A companhia já foi criticada por acatar pedidos para que apps sejam removidos em determinados países. Na China, por exemplo, WhatsApp (Android, iOS) e Signal (Android, iOS) não são permitidos, nem o app do New York Times e de algumas redes sociais. A China citou 34 violações legais e requisitou a remoção de 89 apps, no primeiro semestre de 2021. A Apple acatou a todos os pedidos.