O Itaú vê com bons olhos o aparecimento de fintechs e bancos digitais, pois essa competição ajuda os bancos tradicionais a melhorarem também a sua operação. Tampouco teme a entrada no setor financeiro de grandes empresas de tecnologia, por entender que os bancos levam vantagem pela sua experiência no tratamento histórico de dados de transações financeiras. Porém, seja quem for o competidor, as regras precisam ser as mesmas. O recado foi passado pelo presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, durante sua palestra no CIAB, nesta terça-feira, 12, em São Paulo.

“Novos entrantes são focados em produtos e são capazes de atingir níveis grandes de eficiência, mas têm dificuldade de oferecer uma gama completa de serviços financeiros, como só os bancos mais estabelecidos conseguem”, comentou, se referindo às fintechs. E acrescentou: “Os incumbents (bancos tradicionais) precisam encontrar a inovação antes que os inovadores encontrem a distribuição”. E resumiu: “Fintechs e bancos digitais enriquecem o mercado e nos fazem ser melhores. Mas empresas que fazem a mesma coisa precisam ser reguladas da mesma maneira.”

Questionado sobre a competição com as grandes empresas de tecnologia, como WeChat e Alibaba na China, respondeu: “A China é uma situação diferente, um mercado pouco penetrado bancariamente e onde empresas de tecnologia foram muito protegidas.” Bracher não entende que seja interessante para grandes empresas de tecnologia, a curto prazo, concorrerem no setor financeiro no Brasil, por causa da regulação restritiva. “Mas, se for sob as mesmas regras, eles podem participar perfeitamente. Serão competidores formidáveis”, comentou. E finalizou ressaltando o que considera ser uma vantagem dos bancos tradicionais: “Acho difícil uma empresa de fora do setor financeiro conseguir avaliar crédito tão bem quanto os bancos hoje”.