A Ericsson e diversas operadoras móveis firmaram acordo para a criação de uma empresa global de APIs de redes de telecomunicações do Open Gateway. A nova empresa, que ainda não tem nome, será 50% da Ericsson e 50% das operadoras que participarem. A expectativa é de que a joint-venture esteja pronta no começo de 2025, depois da aprovação por parte de órgãos reguladores.

Estão confirmadas as participações da mexicana América Móvil (dona da Claro); da espanhola Telefónica (dona da Vivo); das norte-americanas AT&T, Verizon e T-Mobile; da francesa Orange; da inglesa Vodafone; da alemã Deutsche Telekom; das indianas Bharti Airtel e Reliance Jio; da cingapuriana Singtel; e da australiana Telstra. A joint-venture estará aberta à adesão de quaisquer outras operadoras interessadas.

Modelo de negócios para venda de APIs

A proposta é que a nova empresa seja uma espécie de hub global para a contratação de uso de APIs das operadoras participantes. Desta forma, um desenvolvedor que queira utilizar determinada API em escala mundial pouparia esforço de negociação, acertando o contrato com essa nova empresa em vez de ter que se sentar à mesa com várias operadoras.

No comunicado de anúncio da iniciativa, a Ericsson informa que a nova empresa já nascerá integrada aos ecossistemas da Vonage e do Google Cloud, para a oferta das APIs. Mas estará aberta à integração com quaisquer outros players que tenham interesse, como hyperscalers, CPaaS, integradores e ISVs.

Análise

O Open Gateway resolveu um grande problema técnico do setor de telecomunicações: a falta de padronização das APIs de redes. A partir do momento em que as teles começaram a adotar o mesmo padrão de APIs, isso facilita imensamente a vida dos desenvolvedores de apps, que não precisam fazer uma programação diferente para a comunicação com a API de cada operadora. Nos tempos atuais, com apps que operam em escala global, isso faz uma diferença significativa, com ganho de tempo de programação.

Porém, restava outro problema, este de cunho comercial. Embora as APIs de rede tenham passado a ser padronizadas, as empresas interessadas em utilizá-las a nível mundial continuam obrigadas a negociar contratos comerciais separadamente com cada operadora, o que exige muito tempo e dinheiro. A iniciativa da Ericsson se propõe a resolver essa questão, oferecendo uma espécie de “one stop shop” global de APIs do Open Gateway.

Resta ver se essa iniciativa será forte o suficiente para atrair as demais operadoras, ou se surgirão iniciativas concorrentes trazendo a mesma proposta atrelada a outros grupos de operadoras. Há vários candidatos para exercer esse papel, como Nokia, Infobip ou hyperscalers, como Microsoft e Amazon.

Para evitar essa competição, a nova empresa precisa oferecer um modelo de negócios com margens atraentes para que esses potenciais rivais prefiram se integrar a ela, em vez de competir diretamente. Porém, ao mesmo tempo, quanto mais extensa for essa cadeia de valor, mais players precisarão ser remunerados e, logo, mais caro ficará o serviço. A não ser que esses outros players encontrem formas de agregar valor sobre o acesso às APIs.

Open Gateway no Brasil

O Brasil é um dos países que se destaca pela rápida adoção do Open Gateway de maneira unida entre as operadoras. Claro, TIM e Vivo lançaram praticamente ao mesmo tempo três APIs padronizadas: SIM Swap; verificação de número telefônico; e verificação de localização do device. No Brasil, a Infobip atua como integradora, conectada às três teles.

MobiMeeting Finance + ID

O Open Gateway será tema de duas apresentações no MobiMeeting, evento organizado por Mobile Time no dia 30 de outubro, no WTC, em São Paulo. Infobip e Claro/Embratel abordarão o assunto em suas palestras, que serão feitas, respectivamente, pelo country manager da Infobip no Brasil, Caio Borges, e pelo head de vendas de data analytics da Embratel, João Nero. A agenda atualizada e mais informações estão disponíveis no site do evento: www.mobimeeting.com.br

Ilustração no alto: Nik Neves para Mobile Time