A Visa elaborou o Mapa das Fintechs Brasileiras, uma pesquisa que apontou que 78% das startups do ramo de fintechs do País faturaram menos de R$ 500 mil nos últimos 12 meses. A pesquisa revela também que 16,6% conseguiu superar a faixa de R$ 1 milhão.

O estudo mostra que as fintechs são majoritariamente focadas em negócios B2B (53,7%) e nos segmentos de transações financeiras e pagamentos (13,6%), crédito (13,2%) e gestão financeira (11,5%).

Porém, o diretor de inovação da Visa no Brasil, Érico Fileno, explica que essas startups têm a liberdade de se especializarem em um ou em pouquíssimos produtos. Assim, conseguem atrair um público determinado. “Uma das características das fintechs é o foco. Ao invés de terem diversas soluções, têm uma e, com isso, são capazes de entregar um produto de forma rápida e direcionada para o seu consumidor especifico”, argumenta.

Outro ponto visto foi a concentração de fintechs em São Paulo, já que 55% delas estão no estado, seguido por Rio de Janeiro (8%) e Rio Grande do Sul (7,2%).

“Já vínhamos percebendo esta concentração, até por ser a capital financeira do País. Mas acreditamos que São Paulo tem a maior parte dessas empresas porque muitos de seus CEOs e funcionários são ex-executivos do mercado financeiro, que viram um oportunidade e decidiram empreender”, explica Fileno.

Para a Visa, esta informação também aponta para oportunidades fora do eixo Rio-São Paulo. “Isto está em sinergia com o movimento que vamos fazer de regionalização. Queremos ir para dentro do País com soluções Visa. Será uma oportunidade para fazermos descobertas fora da região que mais concentra fintechs”, conta.

Dores de cabeça

O estudo da Visa questionou os empreendedores sobre os principais percalços ao crescimento das fintechs no Brasil. A regulação figura como o maior entrave para 20,2% dos pesquisados. A incapacidade de entendimento do mercado para inovações na área financeira vem logo em seguida, com 18,4% dos entrevistados apontando a resistência a soluções que envolvam novas tecnologias como o principal desafio à expansão dos empreendimentos.

Os outros desafios apresentados foram: concorrência (13,4%), o desenvolvimento próprio da startup (11,7%), e a burocracia das grandes empresas (10,6%). A captação de investimentos aparece na sétima posição entre os grandes obstáculos (8,4%).

Érico Fileno

Investimentos

Segundo o estudo, 22% das fintechs receberam investimentos do tipo venture capital ou anjo a contar da sua fundação. Dessas startups que receberam aportes financeiros, 55,4% captaram até R$ 500 mil, 17% entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, outros 17% entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, e, por fim, 10,6% obtiveram mais de R$ 2 milhões. O tempo médio entre a negociação e o aporte para 63% das fintechs entrevistadas foi de até seis meses.

Metodologia

As informações do Mapa das Fintechs Brasileiras foram tiradas do questionário de inscrição para participar do Programa de Aceleração Visa a partir de questões específicas sobre faturamento, dificuldades para expansão do negócio, mercado de atuação, histórico de investimentos, descrição da equipe, entre outras. Confira aqui o infográfico.

Programa de Aceleração da Visa

O Programa de Aceleração da Visa começou em 2017 e para participar estão aptas fintechs num estágio embrionário, ou seja, que estão desenvolvendo seu MVP, mas também fintechs estabelecidas no mercado. Ao longo do ano, a empresa selecionou 28 participantes. A pesquisa ajudou a visualizar se o programa está coerente com o mercado ou se precisa de ajustes. De acordo com Fileno, os dados apontaram que o programa está bem enquadrado.

“Estamos sempre em busca de novas oportunidades. E as fintechs são provedoras de soluções que ajudam na jornada dos nossos clientes, como bancos e varejo. Estamos em sinergia”.

Por outro lado, para as fintechs que querem distribuir cartões com bandeira Visa ou usarem seus meios de pagamento, a empresa desenvolveu um processo menos burocrático para essas startups. No fast-track, se um banco leva cerca de 12 meses para poder vender cartões com a bandeira, por exemplo, uma fintech leva cerca de seis meses para ser liberada a usar uma solução da Visa.

“Adaptamos o processo para que não esperassem um ano. Lançamos esse método há pouco, com base no mapeamento. E sem perder o critério de segurança”, explica o executivo.