A popularização dos smartphones, o surgimento de apps da chamada “economia do compartilhamento” e a elevada taxa de desemprego serviram de ingredientes para que surgisse nos últimos anos no Brasil um verdadeiro exército de trabalhadores autônomos que usam aplicativos para conseguir tarefas remuneradas ou vender seus produtos. São pessoas em idade economicamente ativa que atuam como motoristas, entregadores, pedreiros, pintores, esteticistas, artesãos, revendedores de artigos diversos e até “influenciadores digitais”. Mobile Time e Opinion Box realizaram uma pesquisa inédita sobre o tema e descobriram que 32% dos brasileiros com smartphone geram renda através de aplicativos atualmente. A maioria desses trabalhadores autônomos são mulheres (60%). Metade tem idade entre 30 e 49 anos. E 82% pertencem às classes C, D e E (veja o infográfico abaixo).

Apenas 30% desses trabalhadores têm nos apps a sua principal fonte de renda. Para os 70% restantes trata-se de uma remuneração complementar. Por sinal, 59% deles têm um emprego formal, usando os apps para conseguir uma renda extra. Outros 28% perderam o emprego e procuraram uma alternativa nos apps. E 10% nunca tiveram um emprego.

A principal fonte de renda com apps é por meio da venda de produtos: atividade declarada por 58% desses trabalhadores autônomos. A maior parte desse grupo (96%) vende seus produtos através de plataformas de comunicação e redes sociais, como WhatsApp e Facebook. E 22% usam apps específicos para essa atividade. Vale destacar que há uma interseção, ou seja, gente que usa os dois tipos de canais.

A segunda atividade mais popular para conseguir renda via apps no Brasil é a oferta de serviços diversos, como obras, consertos residenciais e limpeza (21% dos trabalhadores de aplicativos). Novamente, o canal mais usado são as plataformas de comunicação e redes sociais (93%), enquanto apps específicos para conseguir tais trabalhos, como GetNinjas, são usados por 37% do grupo.

9% dos trabalhadores de aplicativos são motoristas de carros ou táxis. E 8% são entregadores. Estas são as únicas atividades em que o uso de apps específicos, como Uber, 99, iFood e Rappi, é maior ou está empatado dentro da margem de erro com aquele de plataformas de comunicação e redes sociais para conseguir os trabalhos. No caso dos motoristas, 74% utilizam apps específicos e 58%, plataformas de comunicação e redes sociais. No segmento de entregas, os percentuais são 69% e 71%, respectivamente.

Vale lembrar, há 12,4 milhões de desempregados no Brasil, o que corresponde a 11,6% da população economicamente ativa, segundo dados do IBGE referentes a outubro.

Para esta pesquisa foram entrevistados 2.270 brasileiros acima de 16 anos que acessam a Internet e possuem smartphone, respeitando as proporções por gênero, faixa etária e renda familiar mensal desse grupo. As entrevistas foram realizadas entre 20 e 27 de novembro. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais. O grau de confiança é de 95%.