A Sentran, empresa integradora de soluções tecnológicas voltadas à mobilidade urbana, desenvolveu um serviço de transporte de pessoas com mobilidade reduzida para que prefeituras possam oferecê-lo a seus moradores de baixa renda e com dificuldade de acesso ao transporte público. Cadeirantes, cegos, autistas, pessoas com obesidade mórbida, síndrome de down, pacientes de hemodiálise, entre outros, são beneficiados pelo transporte de porta a porta. A ideia é que essas pessoas, ou seus acompanhantes, peçam um carro – normal ou adaptado – pelo aplicativo do serviço do município ou por um número telefônico disponibilizado pelo poder público e façam o deslocamento que necessitam sem custos para o usuário. A primeira cidade a adotar a solução é São José dos Campos/SP.

A solução white label, chamada de Mobifácil pela Sentran, pode ser adaptada de acordo com as necessidades de cada prefeitura e tem como diferencial o uso de motoristas e carros convencionais de aplicativos de transporte. Para usá-los, o Mobifácil distingue os usuários cadeirantes, ou aqueles que precisam do elevador para entrar e sair do veículo, daqueles que não necessitam de uma van adaptada, mas sim do transporte de porta a porta. É o caso, por exemplo, de pessoas em tratamento de hemodiálise, cegos e autistas.

Diferenciais

“A população que não precisa de um veículo adaptado corresponde a cerca de 50% dos atendidos pelo serviço. Ao usarmos carros convencionais, reduzimos os custos em 35% por pessoa na comparação com o sistema anterior, que usava apenas vans adaptadas. Além do mais, diminuímos em 95% o tempo de espera”, explicou o diretor executivo da Sentran, Eduardo Ramalho.

De acordo com o executivo, quando as prefeituras disponibilizam esse serviço à população, são usadas vans adaptadas, veículo que custa de R$ 170 mil a R$ 200 mil reais e precisa ser conduzido por um motorista especializado, com habilitação profissional (D). Além do mais, o sistema da van é roteirizado e só pode ser usado por meio de agendamento, nunca em tempo real.

“A roteirização do trajeto exige que a gente distribua esses carros adaptados de modo a servir as pessoas por região. E não é qualquer um que pode entrar primeiro porque essa pessoa senta no fundo, e será o último a desembarcar. Temos que pensar bem nas pessoas que vão entrar primeiro e sair por último e pegá-las na ordem certa e fazer o trajeto conforme a saída de cada um da van. E o embarque e o desembarque são demorados. Para que uma pessoa sem questões de mobilidade precisa pegar esse carro? Tirá-las desse processo facilita a logística e agiliza”, explicou.

O serviço da Mobifácil permite que pessoas capazes de utilizar automóveis convencionais usem o app em tempo real e por meio de agendamento. Porém, as vans e carros adaptados são somente por meio de agendamento.

Além da divisão entre carros convencionais e adaptados, é possível fazer pedidos, agendados ou imediatos, por meio do telefone da prefeitura. “O 156 tem um backoffice do aplicativo e o atendente pode pedir um carro para o usuário em pouco tempo. Essa opção é para pessoas que tenham dificuldades em usar o aplicativo”, explica Ramalho.

Outro diferencial do serviço é o atendimento ao cliente. Uma equipe está disponível a todo o momento para prestar auxílio. Caso um automóvel fique parado por muito tempo, um atendente pode ligar para saber o que está acontecendo. E, caso seja necessário, por conta de uma pane ou qualquer outro problema com o carro, um outro veículo é acionado para substituir aquele com o usuário.

No caso de São José dos Campos, onde o serviço está disponível há cerca de um ano, a prefeitura o chamou de Acesso Já (Android, iOS). No entanto, o app só pode ser usado por moradores treinados pela prefeitura – ou seja, que fizeram exames médicos e comprovaram ter uma renda específica (cujo valor e exigências mudam conforme o município). Esses usuários recebem uma senha que permite o download do aplicativo.

Seleção de motoristas

Para Ramalho, o grande diferencial do serviço está na possibilidade de usar o legado dos motoristas de apps de transporte individual. Para isso, o Mobifácil recebe currículos, faz uma primeira seleção e, em seguida, realiza uma capacitação para esses profissionais. “Não é qualquer um que pode prestar esse tipo de serviço e, ao mesmo tempo, fazer parte do nosso aplicativo. E dá segurança ao motorista porque ele sabe que está transportando alguém credenciado pela prefeitura.”

Números

De acordo com Ramalho, em um ano de uso em São José dos Campos, o aplicativo roda em média, por mês, 55 mil quilômetros. Ao todo, conta com 220 motoristas credenciados e transporta mensalmente 680 pessoas.

Como modelo de negócios, o Mobifácil cobra da prefeitura um valor por quilômetro rodado. “Queremos crescer e expandir. Estamos preparados para atender qualquer demanda”.