Ilustração: Cecília Marins

O Banco do Brasil abraçou o open finance não apenas como uma obrigação regulatória, mas como uma oportunidade de negócios, e os frutos começam a ser colhidos. Em um balanço feito em entrevista para Mobile Time, seu diretor de negócios digitais e open finance, Pedro Bramont, informa que mais de 900 mil pessoas já consentiram em compartilhar seus dados de outras instituições financeiras com o Banco do Brasil. Ele prefere não revelar quantos fizeram o caminho contrário, mas garante que o saldo é positivo para a sua instituição financeira.

“Estamos atentos à quantidade de clientes que consentem o compartilhamento de dados. Mas a métrica mais relevante é o uso efetivo o que fazemos desses dados”, acrescenta Bramont.

Com 90% dessas pessoas, o Banco do Brasil já efetuou alguma ação concreta com base na análise dos dados compartilhados, seja uma oferta personalizada de serviços financeiros, uma revisão de limite de crédito, ou uma atualização de dados cadastrais, por exemplo.

No caso de ofertas personalizadas de investimentos, o Banco do Brasil tem registrado até o momento uma conversão três vezes maior junto ao público que compartilhou dados via open finance, revela o diretor.

O open finance tem servido também para promover o marketplace do Banco do Brasil, dentro do qual estão vários parceiros de e-commerce. Se identificado no extrato de outra instituição que o cliente fez uma compra diretamente em um desses parceiros em vez de usar o marketplace, o Banco do Brasil aproveita para lembrá-lo do benefício do cashback quando compra por dentro do seu app.

As ações personalizadas feitas pelo Banco do Brasil a partir dos dados coletados com o open finance são comunicadas via push notification ou WhatsApp, dependendo da preferência do cliente, a partir da análise do seu histórico. Até o momento, a satisfação dos consumidores com essas ações tem sido positiva, garante.

Gerenciador financeiro e iniciador de pagamentos

O primeiro serviço criado pelo Banco do Brasil graças ao open finance é um gerenciador financeiro dentro do seu app, através do qual seu correntista consegue acompanhar suas contas em múltiplas instituições financeiras. Mais recentemente o banco foi o primeiro a adicionar nessa ferramenta a funcionalidade de iniciação de pagamento via Pix a partir do saldo em outras instituições.

“Saímos na frente porque acreditamos em experiências paradigmáticas. Quando o consumidor se acostuma com uma boa jornada, passa a exigir algo semelhante em outras indústrias. É o que aconteceu com o one click checkout da Amazon e com a experiencia da Uber, por exemplo. Se o cliente se acostumar a ver seu extrato multibanco em um aplicação só, ele não vai querer outra solução e vai pensar duas vezes antes trocar. Achamos que faz sentido ser vanguardista”, avalia.

Conclusões

O executivo cita duas conclusões tiradas até agora a partir da experiência do Banco do Brasil com open finance. A primeira é que o brasileiro tem interesse em consentir e compartilhar seus dados, desde que isso gere ofertas personalizadas e um relacionamento mais próximo com as instituições. A outra é que o banco encontrou diversas oportunidades de realizar ofertas com maior precisão de timing, a partir da análise dos dados compartilhados.