Os testes patrocinados pelas operadoras de telecomunicações (Claro, Vivo, TIM e Oi) e conduzidos pelo CPqD para avaliar a possibilidade de convivência entre as transmissões de 5G e as recepções de TVRO (transmissão de TV via satélite) em banda C mostraram que é possível a convivência. O relatório final está sendo ajustado e deve ser apresentado na semana que vem ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e para a Anatel. O que os testes mostraram é que há filtros capazes de mitigar as eventuais interferências e que, mesmo sem os filtros, em situações reais de posicionamento e potência de transmissões 5G, os problema de interferência seriam bem menos graves do que aqueles apurados pela Anatel quando conduziu os mesmos testes, mas em condições extremas.

Segundo apurou o Teletime, os testes mostraram que apenas nas condições em que a antena de banda C está com a linha de apontamento para o satélite coincidindo com a ERB 5G é que existe interferência a ponto de necessitar um reposicionamento da parabólica. Segundo o estudo, é perfeitamente possível um plano de mitigação que preveja a instalação de filtros de LNB. Foram testados oito modelos de filtros de nova geração. Destes, dois foram capazes de eliminar as interferências em parabólicas de 1,5m recebendo os sinais de 5G nas condições mais extremas (chamado de Cenário Anatel), e quatro passaram nos testes em antenas de 1,9m. O estudo também assumiu como premissa que os sinais de TV captados pelos sistemas de TVRO deixaria de ser transmitido na banda C estendida (3,625 GHz a 3,7 GHz). Esta faixa continuaria a ser utilizada para serviços de satélite dedicados a aplicações corporativas, no qual a mitigação por meio de filtros mais avançados não significa um custo inviabilizante.

Decisão

Os resultados dos testes eram aguardados porque devem ser determinantes para que a Anatel defina qual será a política de mitigação. A agência tem, pelo menos em seu nível técnico, a inclinação para recomendar um plano de migração dos canais de TVRO para a banda Ku, o que tem a vantagem de resolver de uma vez os problemas de interferência e modernizar a recepção de TV via satélite. Como efeitos colaterais há o custo (estimado em pelo menos R$ 2,9 bilhões, a depender da quantidade de residências que terão seus kits de recepção substituídos), a complexidade logística de ter que fazer uma distribuição e instalação massiva de kits e a necessidade de escolher um satélite que receberá os canais de TV de forma agrupada (para que todas as parabólicas sejam apontadas para o mesmo lugar).

Já as teles propõem uma mitigação por meio de filtros quando de fato o problema de interferência se apresentar, o que potencialmente teria custos menores (estimativas iniciais apontava para cerca de R$ 500 milhões) sem a necessidade de grandes rearranjos de mercado. O lado negativo é que a faixa de 3,6 GHz continuaria sujeita a interferências caso, no futuro, o 5G precise de mais espectro.