A Buser (Android, iOS) anunciou nesta quinta-feira, 14, um investimento de R$ 100 milhões para expandir sua operação em Minas Gerais. O aporte surge após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, assinar o decreto de modernização do serviço de frete rodoviário no estado (48.121/2021).

Na estratégia traçada pelos fundadores da empresa, Marcelo Abritta e Marcelo Vasconcellos, o montante será distribuído em cinco áreas. São elas:

SetorValor
Financiamento de veículos e capital de giro para fretadores parceiros da BuserR$ 25 milhões
Descontos e gratuidade para novos usuários testarem a plataformaR$ 20 milhões
Educação e divulgação da Buser como alternativa rodoviáriaR$ 20 milhões
Itens tecnológicos de segurança obrigatórios para a frotaR$ 20 milhões
Infraestrutura de embarque e desembarqueR$ 15 milhões
TotalR$ 100 milhões

Em nota, Abritta ressalta que esta é uma maneira de retribuir Minas Gerais e contribuir com geração de emprego e renda. O executivo acredita ainda que a nova regulação pode ser um modelo a ser seguido pelo resto do País.

Lado do estado

Foto por Pedro Gontijo, Imprensa MG

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema

O governador Zema assinou o documento que moderniza o serviço de frete rodoviário no estado na última quarta-feira, 13. Entre as principais medidas do decreto estão:

– O fim da obrigatoriedade de informar a lista de passageiros 12 horas antes da viagem;

– E o término da necessidade de circuito fechado, ou seja, o ônibus não precisa mais voltar ao local de origem.

Com a medida estadual, a expectativa do DER-MG é que haverá um aumento de receita a partir de 10% ante os R$ 456 milhões obtidos pelas 1,8 mil empresas mineiras em 2020. Ou seja, um incremento de R$ 45,6 milhões para o segmento em 2021. Em um cenário positivo, a expectativa é de crescimento de 20% no faturamento das companhias, o equivalente a R$ 91 milhões. Vale dizer que os cálculos são baseados no fato de que 10% das viagens intermunicipais possuem tentativa de compra frustrada.

Em impacto direto na cadeia de trabalho, a expectativa do governo é que o novo modelo de frete ajude a criar 2 mil empregos até o final de 2021. Em termos de arrecadação, os novos trabalhadores contribuiriam em R$ 11,5 milhões no ano.

Além disso, o órgão de estradas de Minas Gerais prevê que a expansão do setor de transportes elevará o PIB estadual em R$ 63 milhões no cenário com 10% de aumento e em R$ 127 milhões com 20% de incremento em 2021.

Os imbróglios da Buser

Buser

A Buser, criada em 2017, nasceu com o propósito de oferecer fretamento coletivo para viagens intermunicipais e interestaduais de ônibus. O modelo de negócios consiste em ajudar empresas de turismo e frete que ficam com seus ônibus parados nos pátios, além de trazer mais comodidade e reduzir os custos de viagens para os usuários (até 70% de economia).

Em sua viagem inaugural, o ônibus fretado pela Buser não pôde prosseguir devido às regras da ANTT na época. A companhia, então, entrou com pedidos na Justiça e conseguiu operar. Apesar dos percalços, a plataforma cresceu com a alta demanda de usuários, recebeu aporte do SoftBank, e passou a atuar em 120 cidades.

Ainda assim, a companhia encontra resistência dos operadores do setor rodoviário mais tradicionais. Um desses exemplos foi a proibição da operação da Buser no Rio de Janeiro pela 10ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em um pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais em agosto de 2020.

No final de outubro do ano passado, a disputa entre Buser e o regulador ganhou novo capítulo com a companhia processando um fiscal da ANTT em Minas Gerais. A startup alega que o profissional teve atitude ilegal e abusiva ao interromper uma viagem da JK Turismo com 22 passageiros.

Em dezembro, a Buser evitou a paralisação de suas atividades no estado de São Paulo em um processo aberto pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (Setpesp) no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).