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Os dados coletados por In Loco e Moovit mostram uma queda constantes na adesão ao distanciamento social desde meados de março quando começou a quarentena para conter a pandemia do novo coronavírus. Durante live organizada por Mobile Time nesta quinta-feira, 14, executivos das duas companhias confirmaram o movimento nas grandes capitais brasileiras.

Segundo André Ferraz, CEO da In Loco, empresa que fornece um índice de isolamento social para 22 governos estaduais e 30 prefeituras brasileiras, após o penúltimo domingo de março a queda foi constante: “Teve um pico de adesão em 22 de março, quando passou de 70% o isolamento no Brasil. Mas semana a semana vem caindo dois a três pontos percentuais.”

De acordo com as análises da In Loco, os estados que estão indo bem “são aqueles que adotaram o lockdown”. Mas o fizeram porque antes o isolamento social espontâneo da população não estava surtindo o efeito desejado.

Na Moovit, que acompanha a adesão ao isolamento social por meio da redução no transporte público em dez cidades brasileiras, a empresa observou um pico no dia 25 de março. Mas, em seguida, o isolamento foi caindo. Pedro Palhares, country manager da Moovit, explicou que em outras capitais da América Latina a adesão foi maior. É o caso Buenos Aires, a redução no uso de transporte público chegou a 75%. Em Lima, 90. Em Santiago, 88%. Nas regiões em que a economia e o fluxo de pessoas começam a ser retomados, Palhares exemplificou com Roma, que chegou a 90% de restrição e hoje está em 70%. E, em Israel, houve 92% de redução do transporte público em abril e está atualmente com 50%.

Para o pesquisador do Instituto D’Or e chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Medicina Intensiva do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, Fernando Bozza, o problema do Brasil é a falta de adesão a um sistema mais restritivo de circulação de pessoas, o lockdown, como foi usado na Europa e Ásia.

“Diferentemente de outros países que evoluíram rapidamente para o lockdown, o Brasil optou para uma solução intermediária, sem as implementações de medidas mais duras. Nós continuamos com um crescimento praticamente linear (da doença)”, disse Bozza. “As situações de pandemia terminam por dois motivos: controle da doença; ou por falta de controle – fadiga – da população, ao não apoiar as medidas”.

Até a noite da última quarta-feira, 13, o Ministério da Saúde do Brasil registrou 188,9 mil casos de novo coronavírus. Com isso, o País tornou-se o sexto do mundo com mais casos da doença. Das pessoas acometidas pela Covid-19, 78,4 mil (41,5%) foram curadas. O Brasil registrou até então 13,1 mil mortes.

Lives

A próxima live do Mobile Time será sobre “A desmaterialização do dinheiro em tempos de pandemia” e contará com representantes do Banco Central, Itaú Unibanco, McAfee, PicPay e TIM Brasil. O debate online acontecerá na próxima quinta-feira, 21, de 9h30 às 11h. Confira mais detalhes e o calendário de lives aqui.