Dric Code

Exemplo de Dric Code. Código bidimensional criado por brasileiros pode conter até 2,1 GB em arquivos de diversas extensões

Uma invenção brasileira tem potencial para revolucionar o armazenamento de dados digitais no mundo. Trata-se do Dric Code, um código bidimensional cujo arquivo pesa apenas 100 Kb, mas que é capaz de armazenar até 2,1 GB. A “mágica” é feita com um algoritmo que converte o código binário de um ou mais arquivos digitais em um Dric Code, utilizando um modelo matemático chamado Monte Carlo.

Com 5,3 centímetros quadrados de área, o Dric Code pode ser impresso em qualquer superfície plana, como uma folha de papel, e decodificado quase que instantaneamente, através de um app especial com qualquer câmera de smartphone, mesmo sem conexão à Internet, para converter de volta os arquivos originais em código binário. Em teoria, será possível expandir ainda mais a capacidade dessa tecnologia e chegar a até 72 GB contidos em um Dric Code no futuro, dizem seus criadores, em conversa com Mobile Time.

“Antecipamos 100 anos da tecnologia. Isso pode desconstruir a Internet”, compara o inventor Ricardo Fioravante. Ele teve a ideia do código durante um sonho em 2019. Ainda de madrugada, ligou para seu amigo Rafael Freijanes para contar o que imaginou. Juntos, passaram os meses seguintes desenvolvendo o Dric Code. E assim fundaram a empresa Dric, da qual Fioravante é o CEO e Freijanes, o CTO.

Dric Code

À esquerda, um Dric Code. À direita, exemplos de arquivos que podem estar contidos nele.

 

A tecnologia já foi testada em cerca de 20 mil arquivos de 40 extensões diferentes, incluindo documentos em PDF, vídeos e músicas. Ao contrário da maioria dos programas de compressão de dados, o Dric Code não tem risco de perda de dados ao longo do processo de codificação e decodificação, preservando os arquivos originais inalterados. 

A codificação pode ser feita a partir de qualquer computador pessoal, em um processo que leva poucos segundos. A decodificação, por sua vez, é praticamente instantânea, levando menos de um segundo. No vídeo abaixo, são demonstradas as extrações da Constituição Brasileira e do trailer do filme Rocky, a partir de dois Dric Codes.

Vale destacar que o conteúdo de um Dric Code tem criptografia embarcada e só pode ser acessado com seu arquivo “seed” (como é chamado o arquivo do Dric Code), o codificador e o decodificador. É possível limitar o acesso a um indivíduo, email, número telefônico ou dispositivo, de forma a proteger direitos sobre o conteúdo codificado. Dric é um acrônimo para “digital reprodução de imagem criptografada”.

As patentes da invenção já foram depositadas nos EUA e em diversos outros países.

Aplicações e modelo de negócios

As aplicações para o Dric Code são inúmeras. Seus criadores preveem o uso em verticais como pagamentos, entretenimento, educação, armazenamento e gestão de arquivos empresariais, jogos, mercado editorial etc. Fioravante se emociona ao pensar no potencial na área de educação: em vez de carregar livros pesados ou gastar sua franquia de dados móveis durante aulas online por não ter banda larga fixa em casa, alunos de comunidades poderiam se beneficiar acessando todo o material didático através de um Dric Code.

O modelo de negócios e o preço para uso da tecnologia ainda estão sendo desenvolvidos. A ideia é de que seja através de APIs e que, inicialmente, o Dric Code seja restrito a projetos especiais no mercado corporativo. Um primeiro protótipo da API deve estar pronto em quatro meses. A abertura para o consumidor final virá em outra etapa mais tarde.

Aporte internacional

A Dric chamou a atenção de investidores internacionais. A startup recebeu aporte de US$ 3,5 milhões de um fundo estrangeiro que tem entre seus investidores a FJ Labs, conhecida por já ter investido em diversos unicórnios, e Alec Oxenford, cofundador de Arremate.com, OLX e Letgo, e que agora tem assento no conselho da Dric. A companhia agora está avaliada em US$ 20 milhões.