Para o presidente do grupo Claro Brasil, José Felix, a introdução de serviços de valor agregado sem consumo da franquia de dados do usuário (zero rating, no jargão das telecomunicações) foi um erro das operadoras, mas ainda há tempo para ser corrigido: “Não tenho dúvida que o zero rating foi um erro, um equívoco. E, apesar de ter sido criado no passado, não há nada que não possa ser consertado”, opinou o executivo não como membro da Conexis.

Durante o Painel Telebrasil Innovation nesta quarta-feira, 14, Felix afirmou que o ideal seria a revisão e o possível fim da neutralidade de rede. Em suas palavras, o fato de tirar “esse empecilho” coloca tudo em seu devido lugar, sem alarde e sem confusão no setor.

“Toda essa questão se inicia na neutralidade de rede. Isso veio como um receio muito grande das empresas de radiodifusão e telecomunicação em geral, no sentido de se protegerem contra as grandes empresas detentoras de rede, de não serem cobradas”, disse. “Com o tempo, esses dois temas foram superados e não fizemos revisão”, completou.

O CEO do grupo reconhece que a neutralidade de rede trouxe avanços em “tudo que surgiu em comunicação” desde 2014, mas gerou “distorções”, em especial na relação comercial das operadoras com as big techs. Para Felix, não é preciso taxar ou regular as big techs (fair share), mas apenas tirar a neutralidade da rede e renegociar os atuais arranjos.

“Se houvesse uma liberdade de se sentar e negociar com essas empresas algum acordo comercial, se teria uma relação mais justa do que temos hoje”, completou. “Teria que mudar a lei (Marco Civil da Internet). Isso abriria até o surgimento de ideias e outros negócios que nem se imagina. Isso precisará ser discutido, pois muitas das tecnologias do futuro, sem negociação e gerenciamento de redes, essas expectativas serão frustradas”, concluiu.

O executivo afirmou que a companhia tem “gastos na casa dos milhões” com serviços das big techs que trafegam em sua própria rede. Um exemplo é o WhatsApp Business para comunicação entre operadora e assinante.