Ilustração: Cecília Marins

O CPQD enxerga uma demanda reprimida no mercado brasileiro de redes privativas móveis em razão do custo do core de rede. Essa foi a principal motivação por trás do desenvolvimento da C2n, uma solução de software para core de redes 4G e 5G cujo público alvo são pequenas e médias empresas interessadas em montar redes privativas.

Enquanto os equipamentos para redes de acesso estão cada vez mais baratos e acessíveis, o mesmo não aconteceu com o core. “Para uma Petrobras, o valor do core não inviabiliza um projeto de rede privativa. Mas para empresas médias, sim”, comenta Luiz Spera, gerente de estratégia para o mercado de telecom do CPQD, em conversa com Mobile Time.

Sua colega e head de marketing de produto do CPQD, Tatiana Mesquita, complementa: “Quando se pensa em automação, seja na agricultura ou na indústria 4.0, é preciso se falar em conectividade. E uma das soluções é a rede privativa. Mas a conta não fecha quando a empresa é de tamanho médio. Enxergamos uma demanda reprimida por causa do custo”.

Spera cita o exemplo de centros de distribuição que já possuem diversas soluções de automação, mas ainda usam cobertura Wi-Fi, o que significa enfrentar limitações de deslocamento em áreas mais extensas e problemas com segurança. “E por que não trocam pelo LTE? Porque a conta não fecha. E aí ficam sofrendo na mão do Wi-Fi”, comenta.

A C2n custa até metade do valor praticado por fornecedores internacionais de porte médio, calcula Spera. O CPQD conseguiu reduzir o preço do core porque optou por usar componentes open source. Quando não encontra uma boa opção com código aberto, o próprio CPQD se encarrega em desenvolver – é o caso, por exemplo, da compatibilidade com NB-IoT, que deverá ser agregada à C2n até o final do ano. 

A C2n é agnóstica, podendo ser implementada com equipamentos de rede de acesso de diferentes fabricantes. “Não fazemos lock-in”, esclarece Mesquita. Já foram feitos testes de compatibilidade com equipamentos da chinesa Baicells e estão sendo concluídos outros com equipamentos da Nokia e da Ericsson.

O CPQD optou por um modelo de negócios flexível, com cobrança por dispositivo conectado, o que é mais atraente para empresas menores.

ISPs

Além do custo do core, o CPQD entende que outro gargalo para o desenvolvimento das redes privativas móveis no Brasil é a falta de integradores. Nesse ponto, Spera acredita que os ISPs podem ser a solução, pois as redes privativas seriam uma nova fonte de receita para muitos deles.

Paralelamente, o CPQD pretende estimular a construção de um ecossistema em torno de redes privativas móveis no Brasil, reunindo fabricantes, integradores e desenvolvedores de aplicações.

MPN

Luiz Spera vai participar de um painel de debate na 2ª edição do MPN Fórum, evento organizado por Mobile Time sobre o mercado de redes privativas móveis no Brasil, que acontecerá dia 29 de novembro, no WTC, em São Paulo. A programação atualizada e mais informações estão disponíveis em www.mpnforum.com.br