Desde o início do ano passado até o fim deste ano, a Brisanet deverá investir um total de R$ 500 milhões para a criação e expansão de sua rede 5G SA. A operadora já desembolsou R$ 381 milhões, sendo R$ 102 milhões neste ano. A rede está em operação em 24 cidades no momento.

Em agosto, foram iniciadas as vendas de planos, mas ainda sem uma campanha agressiva de marketing. “Até o fim do ano vamos amadurecer a infraestrutura e iniciar a homologação do faturamento sem nenhuma surpresa. Por enquanto, faremos venda controlada, sem ritmo agressivo de venda”, explicou Roberto Nogueira, CEO da Brisanet durante a apresentação dos resultados financeiros do terceiro trimestre da empresa.

A Brisanet investirá ao todo R$ 2 bilhões no 5G. A empresa não abre o que é compromisso e o que é investimento próprio nem em quanto tempo. Nogueira informou que a Brisanet vai antecipar a entrega do 5G ainda em 2024, adiantando os compromissos. Ao todo há 1.437 cidades no Nordeste com menos de 30 mil habitantes e o leilão de 5G estipulou cobertura para esses municípios entre 2026 e 2029.

Expansão não agressiva

Atualmente, o 5G da operadora está presente em 24 cidades do Nordeste – no caso, são usados 50 MHz na frequência 2,3 GHz e 80 MHz na frequência de 3,5 GHz. Elas somam mais de 1 milhão de potenciais clientes para o novo serviço. E a empresa pretende encerrar o ano com a rede móvel de quinta geração em 40 cidades, totalizando 4 milhões de potenciais usuários. Para 2024, a expectativa é que a rede cubra entre 9 milhões e 10 milhões de habitantes.

A ideia é que a operadora avance o 5G nas cidades já cabeadas com sua fibra ótica. Neste caso, são 158 cidades com rede FTTH, com 61,6 mil quilômetros de extensão, além de 37 mil quilômetros de backbone, 280 data centers e 1,256 milhão de clientes – que são potenciais usuários da rede móvel da empresa.

A Brisanet, no entanto, não tem a intenção de investir na expansão da rede FTTH, no momento. Em outubro eram 7,8 milhões de casas passadas com fibra, considerando tanto a Brisanet quanto Agility. “A gente só vai colocar fibra nas cidades novas para suportar o anúncio do 5G. A fibra cresce em cidades novas junto com o 5G”, lembrou Luciana Ferreira, diretora de Relações com Investidores da Brisanet.

Mini data centers

“A Brisanet ficará mais competitiva e terá um share maior do que tem hoje quando o 5G caminhar junto com a rede de fibra”, explicou Nogueira. Para isso, a operadora construiu uma série de mini data centers espalhados em municípios onde atua. Eles possuem conteúdos de redes sociais e streaming de vídeo, por exemplo. “Eles têm um potencial gigante já que o conteúdo tem que ficar cada vez mais próximo do usuário final para a baixa latência do 5G. Eles são hoje de uso para a Brisanet, mas superam todos os data centers da costa brasileira e estão pulverizados. Nenhuma empresa montou uma estrutura dessas. Estamos prontos para a computação de borda”, completou o executivo.

Fibra + 5G

Sobre uma possível redução do tíquete médio do plano da rede fixa, Nogueira informou que não pretende reduzir o valor com a chegada do 5G. Planos com combo (fibra fixa + celular) tendem a reduzir o churn e a Brisanet quer mais fidelidade de seus clientes, sem haver canibalismo em cima da fibra.

“Poderemos ofertar pacotes mais agressivos para usuários de serviços de fibra dos nossos concorrentes. Pode ser que em uma residência com três chips nossos tenha desconto, por exemplo. Mas vamos manter o nosso tíquete médio em fibra. Nosso modelo será diferente daquele das grandes operadoras. Elas só entram (no mercado da Brisanet, ou seja, Nordeste) com móvel, não tem fibra, e os pequenos concorrem só com fibra, não têm móvel”, explicou Nogueira.

Centro-Oeste

Com relação à entrada na região Centro-Oeste, Nogueira explicou que o compromisso exige que as operações sejam iniciadas em 2026. A Brisanet deverá entrar nesse mercado com um modelo de parcerias locais. “Ainda vamos demorar a chegar, mas quando chegarmos, será uma operação bem estruturada, de rápida expansão. Teremos vários parceiros de infraestrutura e estamos desenhando ainda o modelo. Temos tempo para mapear as redes existentes”, disse.

Balanço financeiro

Com relação aos números do terceiro trimestre, a Brisanet registrou aumento na receita líquida de 22,1%, saindo de R$ 254,2 milhões (3T22) para R$ 310,5 milhões.

O tíquete médio (Arpu) no B2C, porém, teve uma queda de 1,2% ano contra ano, de R$ 92,05 no terceiro trimestre de 2022 para R$ 90,93 no mesmo período deste ano.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) teve um incremento de 26,14%, passando para R$ 149,6 milhões contra R$ 118,6 de um ano antes. O lucro líquido encerrou o 3T23 em R$ 31,7 milhões, aumento de 44% na comparação com os R$ 22 milhões de um ano antes.