O avanço da inteligência artificial generativa nas empresas está guiando os seus funcionários a buscarem mais cursos sobre o tema. Ao mesmo tempo, os profissionais estão se adaptando às relações humanas nesse novo mundo corporativo aprimorando suas soft skills, ou seja, as aptidões mentais, emocionais e sociais, segundo Stephanie Stapleton Sudbury, presidente global da Udemy for Business.

Em conversa exclusiva com Mobile Time, a executiva da Udemy revelou que até o final de junho deste ano 37 mil usuários brasileiros se inscreveram em cursos sobre ChatGPT dentro da edtech, ante um total de 1,4 milhão no mundo. Além disso, dos três cursos mais consumidos na Udemy B2B no Brasil, dois são de soft skills:

  • Spring Boot, um curso técnico de framework Sprint que mais que dobrou em inscrições (133%) entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023;
  • Inteligência emocional, uma soft skill que mais que dobrou (125%) no mesmo período;
  • Comunicação, outra habilidade leve que cresceu 120% na comparação trimestre a trimestre.

“Com a mudança no ecossistema brasileiro, avanço da transformação digital e chegada do ChatGPT ao mercado, a demanda por upskilling e reskilling tem aumentado”, afirmou Sudburry. “Estamos em um momento que vemos um mix de hard skills e soft skills”, completou a executiva, ao dizer que essa combinação ajuda a desenvolver habilidades específicas no profissional. Trata-se de uma mudança de paradigma, se comparado com um ano atrás, quando os usuários buscavam mais cursos de redes.

Exemplo

Um exemplo de empresa que tem apostado nessas combinações é o PicPay. De acordo com José Urbano Duarte Junior, CTO da instituição financeira, a companhia está desenvolvendo uma matriz de competências de seus funcionários que envolve criação de agendas e de grupos de discussão. E os alunos são acompanhados pelos gestores para verificar o aprendizado de cada um.

Essas matrizes envolvem cursos da Udemy, inclusive aqueles de aprendizado rápido, os microlearnings, algo que Sudburry chama de ‘bite-size learning’ (‘aprendizado em um mordida’, na tradução livre para o português). Tais cursos foram desenvolvidos com ajuda de IA generativa dentro da plataforma da Udemy e levam o aluno ao tema que ele deseja conhecer, assim não precisa fazer um curso completo.

Estratégia local

Raphael Spinelli, diretor regional da Udemy para a América Latina, disse que a evolução da IA tradicional para a generativa permitirá que muitas tarefas sejam automatizadas. Por isso, existe a necessidade de incrementar e combinar as habilidades humanas com as técnicas, ou seja, as soft skills e mais habilidades técnicas em temas como Python, integração de APIs para ChatGPT e ciência de dados.

Sudburry também explicou que tem visto a busca por IA não apenas entre os profissionais de tecnologia, mas também de marketing, recursos humanos, vendas e gestão de projetos, mas acredita que tecnologia seguirá na “ponta do tridente” das companhias, ou seja, liderando o desenvolvimento nas empresas.

Atualmente e considerando o acumulado de suas operações B2B e B2C, a Udemy tem 5 milhões de estudantes cadastrados em sua plataforma no Brasil.

Imagem principal: Stephanie Stapleton Sudbury, presidente global da Udemy for Business (divulgação: Raphael Jacomini/Udemy)