Cris Camargo, CEO do IAB Brasil

A ação do Interactive Adversing Bureau (IAB) Brasil que pede alterações no texto do projeto de lei das Fake News (PL 2630/2020) conta com mais de 500 assinaturas. Em resposta por e-mail a Mobile Time, a CEO da associação, Cris Camargo, afirma que a recepção no meio da publicidade digital tem sido positiva com a adesão de diversos profissionais do setor.

“Junto com as empresas associadas ao IAB Brasil, ouvimos as opiniões e identificamos que, em seu texto mais recente, esse PL representa uma ameaça sem precedentes para a publicidade digital. Este cenário fez com que buscássemos expandir a mensagem para o máximo de profissionais, buscando o entendimento de todos sobre os riscos que esse projeto oferece para o setor e o apoio deles ao IAB Brasil perante o movimento ‘Diga não ao fim da publicidade digital”, relata Camargo.

Entre as pessoas que aderiram à campanha estão “profissionais de empresas de diferentes áreas de atuação”, como veículos de mídia e produtores de conteúdo, anunciantes, institutos de pesquisas, adtechs, agências e consultorias, informa a executiva.

“Como representantes da publicidade digital, queremos engajar o setor para que todos conheçam os impactos do projeto de lei 2630/2020 para as suas operações e que se unam ao IAB Brasil contra os retrocessos que alguns artigos que a minuta propõe. Queremos a alteração do texto do PL com a revisão dos pontos críticos que colocam em risco a publicidade digital”, completa.

Entenda

A campanha ‘Diga não ao fim da publicidade digital’ pede alteração do texto do PL, em especial os trechos que afetam o setor. Conforme relatado por esta publicação na última sexta-feira, o IAB Brasil pede alteração e revisão em 11 dos 36 artigos do texto de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e que teve revisão do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) na Câmara Federal.

Entre os pedidos de mudança no texto do PL estão: detalhamento dos termos “publicidade” e “propaganda”; trechos que estão em choque com a LGPD; identificação de contas automatizadas; e bloqueios à inovação.

“É importante lembrar que nem todas as empresas possuem estruturas para monitoramento de riscos e movimentações de futuras leis que poderiam ser prejudiciais ao setor. Neste sentido, como o papel do IAB Brasil é o desenvolvimento sustentável do setor, notamos que diversas partes do projeto podem afetar diretamente os negócios”, diz Camargo. “É o caso do artigo sétimo, que impede a realização de qualquer tipo de publicidade segmentada. Muitos dos nossos associados sequer sabiam desse risco para seus negócios, e este é o maior motivador do IAB para esta mobilização: a consciência coletiva de que haverá retrocesso no setor caso artigos como este sejam aprovados”, completa.

Na visão da associação, o cenário ideal é que “as leis reflitam a realidade da sociedade”, prezem pela segurança e transparência e respeitem as pessoas. Camargo pediu um diálogo com a sociedade e com os representantes do setor para oferecer uma visão agnóstica e ajudar a entender “como funciona” o ecossistema e o “que é viável” do ponto de vista técnico, ético e mercadológico.

Impactos

A CEO da associação afirma que se a lei passar no atual formato todo o setor de publicidade será impactado, em especial “aqueles que dependem do modelo para alavancar seus negócios, produtos e serviços”, uma vez que mais da metade das verbas de publicidade de setores de extrema importância para a economia é destinada ao digital.

Camargo explica que este segmento movimentou R$ 23 bilhões em 2020. Por setor, as verbas de publicidade estão distribuídas da seguinte forma no digital:

  • Eletroeletrônicos e informática – 89% das verbas de publicidade são destinadas ao digital;
  • Agropecuária – 79% das verbas;
  • Vestuário – 75% das verbas;
  • Imobiliário – 72% das verbas;
  • Financeiro – 55% das verbas.

Vale lembrar, o PL 2.630/2020 foi aprovado pelo Senado em 2020, passou por um grupo de trabalho que aprovou o relatório do deputado Orlando Silva e agora aguarda entrar na pauta de votação da Câmara dos Deputados.