[Matéria atualizada em 19/7/22, às 15h, com correção no número de funcionários da área de TI] O banco Itaú lançou em março deste ano uma política que estabelece que todos os lançamentos e aprimoramentos de quaisquer canais ou plataformas digitais tenham a acessibilidade como sua diretriz principal.

Esses códigos são feitos por um time de colaboradores misto e diverso de modo a contemplar as mais diferentes questões de acessibilidade. A proposta é que produtos – tanto aqueles acessados internamente quanto voltados para os clientes – sejam inclusivos e permaneçam em constantes atualizações, de modo a proporcionar cada vez mais autonomia para pessoas com deficiência.

A questão da acessibilidade e proporcionar comodidade para clientes e colaboradores não é de hoje no Itaú. Há mais de seis anos o banco possui testes de acessibilidade na área de tecnologia. E os testes são conduzidos por colaboradores com e sem deficiência. E, para completar, a instituição se baseia na norma internacional Web Content Accessibility Guidelines (WCAG).

Itaú; acessibilidade

Rodrigo Dantas, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco. Foto: divulgação

“Estamos discutindo de forma intensa a diversidade nos últimos três anos. É uma pauta muito cara para a gente. E da diversidade chegamos à inclusão digital, que é uma bandeira institucional”, diz Rodrigo Dantas, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco.

Atualmente, o banco possui 14,3 mil pessoas na área de TI. Os desenvolvedores de soluções digitais são divididos em squads e sempre priorizando a diversidade, de modo a incluir diferentes maneiras de usar e de pensar aquele produto. A ideia é que aquela aplicação seja funcional para todos.

Os testes começaram a ser feitos em 2016 com seis pessoas. Hoje, são 150 e metade delas possui alguma deficiência. “Costumamos testar as funcionalidades em duplas. Entre pessoa cega e que enxerga. Sempre para garantir que os leitores de telas funcionem para todos, inclusive para os de baixa visão”, explica Hildebrando Júnior, especialista de acessibilidade do Itaú Unibanco.

Itaú; acessibilidade

Hildebrando Junior especialista de acessibilidade do Itaú Unibanco. Foto: divulgação

Acessibilidade interna

A acessibilidade exige também que o banco disponha de ferramentas para que desenvolvedores cegos ou surdos, por exemplo, possam produzir códigos.

“É um tema importante para a gente porque um código produzido por uma pessoa com deficiência ajuda na acessibilidade de todos. E ela influencia os demais do time sobre qual a melhor solução para aquela questão”, resume Dantas.

Como a acessibilidade é pensada desde a concepção do produto digital, as áreas de UX, CX e design já desenham a aplicação contemplando a acessibilidade.

Boas práticas

Pix, produtos derivados do open finance e o app Íon já nasceram acessíveis, seguindo as práticas da WCAG.

Entre essas práticas estão a introdução de um contraste mínimo para que pessoas de baixa visão e daltônicos consigam enxergar; botões são lidos como botões e links são lidos como links para que todos saibam onde as coisas estão na tela.

“Há um checklist e, hoje em dia, validamos 50 critérios. A WCAG contempla 78”, explica Júnior. “Alguns são usados nas plataformas web e outras nas plataformas mobile”, prossegue.

“Fazemos sempre a analogia com a calçada. Todos vão se beneficiar se ela não estiver cheia de buracos e estiver nivelada”, compara Junior.

“No final do dia precisamos do feedback que chega pelas centrais de atendimento e revisitamos algo eventualmente que esteja causando algum impacto negativo ou porque passou por nós ou porque se trata do legado que acabou ficando para trás”, explica Dantas.

Junior conta que um dos maiores desafios é fazer o desenvolvedor ter o mindset preparado para escrever um código pensando em acessibilidade desde o seu início. E lembra que não existem cursos sobre o assunto.

“Nenhuma faculdade no Brasil fala sobre acessibilidade. Os desenvolvedores não têm essa bagagem. Nosso desafio é aprender aqui dentro de casa sobre o assunto, um ajudando o outro.

Dantas explica que o Itaú possui uma formação interna, com trilhas de treinamento onde são construídos os profissionais em diferentes vertentes como deficiência visual e auditiva.