Sete em cada dez alunos do Ensino Médio usuários de internet já recorreram à IA generativa para auxiliar nas tarefas escolares. Ao todo, considerando o conjunto de estudantes dos ensinos Fundamental I, II e Médio, a proporção atinge 37% que utilizaram os grandes modelos de linguagem, como ChatGPT, Gemini, MetaAI, para fazer atividades relacionadas à escola.
Entre os mais novos (EF I), 15% dos estudantes usuários de internet já se serviram da tecnologia e 39% estão no EF II. Os dados são da 15ª edição da pesquisa TIC Educação realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), do Nic.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) e apresentada pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) nesta terça-feira, 16.
Os dados estão alinhados com as descobertas da recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre o uso de smartphones por crianças e adolescentes, que mostrou que 33% dos jovens brasileiros de 13 a 16 anos com smartphone utilizam o ChatGPT, por exemplo.
“Se nós pensarmos que essa pesquisa é o retrato de 2024, e se lembrarmos que a disponibilidade dessas IAs generativas teve um boom maior em 2023, em um curtíssimo espaço de tempo a gente já tem essa adoção, o que pode trazer alertas importantes no uso da inteligência artificial nesses processos de ensino-aprendizagem no ambiente escolar”, afirmou Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
Mas somente 19% afirmam ter sido instruídos por professores sobre como aplicar a tecnologia em atividades de aprendizagem.
Para Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação, este é um momento crucial para oferecer aos alunos capacitação crítica para o uso dessas ferramentas.
“A questão é como inserir essas tecnologias nas escolas de uma forma crítica e como orientar os alunos da melhor forma para que eles não percam oportunidades de se capacitar para o uso dessas tecnologias que estarão cada vez mais presentes na nossa sociedade, mas também mitigar riscos, fazer uso crítico, entender o fluxo dessa informação, a integridade da informação”, acrescentou.
Ainda de acordo com Costa, as instituições de ensino precisarão de todo suporte para esse treinamento. “Escolas vão precisar de um apoio, especialmente de políticas educacionais das organizações da sociedade civil, da academia, para oferecer essa oportunidade de educação digital para os alunos”, completou.
Além da IA generativa, as outras ferramentas tecnológicas usadas pelos estudantes
Plataformas educacionais e sites de internet também são procurados pelo aluno para buscar informações sobre uma matéria ou exercício que não entendeu bem (86%), pesquisar para fazer trabalhos escolares (84%) e usar a internet ou apps para praticar algo que está aprendendo (78%).
Foi a primeira vez que a pesquisa perguntou sobre os recursos adotados pelos estudantes na realização de pesquisas escolares. Assim, 74% recorrem a sites de busca, mas 72% citaram canais e apps de vídeos (como YouTube) como fontes de informação.