O número de pessoas que não usam a Internet no Brasil diminuiu de 36 milhões (2022) para 29,5 milhões (2023), aponta a pesquisa TIC Domicílios 2023, realizada pelo Cetic.br e apresentada nesta quinta-feira, 16. O montante representa 16% da população acima de 10 anos de idade, sendo 24,1 milhões estão em áreas urbanas e 5,4 milhões nas regiões rurais do Brasil. Ou seja, houve uma redução de cerca de 6,5 milhões de usuários na comparação com a pesquisa relativa ao ano passado. Entre os recortes, 17 milhões pertencem às classes DE e o mesmo número se autodeclararam pretos ou pardos. E, do total, 24 milhões tinham até o Ensino Fundamental.

Ao todo, 156 milhões de pessoas acessam a Internet no Brasil, o equivalente a 84% da população estudada, ou seja, com 10 anos ou mais. Vale lembrar que, em 2022, a TIC Domicílios registrou 81% da população usuária da rede contra 19% de não usuários.

Acesso pelo celular e planos de dados

A proporção de brasileiros que usam somente o celular para acessar a Internet se manteve estável. Se ano passado eram 92 milhões de pessoas – o equivalente a 62% da população –, em 2023, o número caiu ligeiramente para cerca de 91 milhões de pessoas, ou 58% dos brasileiros, segundo a TIC Domicílios.

“Não houve alteração significativa. A pesquisa mostra um cenário de estabilidade nesta questão”, apontou Fabio Storino, coordenador da pesquisa, durante apresentação dos dados.

Ainda com relação ao acesso, 41% das casas possuem tanto o celular quanto o computador para acessar a Internet.

Ao fazer um recorte por classe social, 87% das classes DE acessaram a rede exclusivamente pelo telefone móvel e somente 12% em ambos os dispositivos. Entre a classe A, somente 9% acessam a rede apenas pelo celular. Vale dizer que 99% dos domicílios desta camada da sociedade têm computador.

A TIC Domicílios também mostrou que 60% dos brasileiros que possuem telefone celular têm um plano pré-pago e 36%, pós-pago. Sobre a conexão, 97% das pessoas que usam a Internet pelo celular da classe A acessam a rede tanto por Wi-Fi quanto pela rede móvel, enquanto nas classes DE, 36% acessam exclusivamente por Wi-Fi e 11% somente pela rede móvel.

Habilidades digitais

O estudo também aponta uma nítida diferença de habilidades digitais realizadas em mais de um dispositivo e somente no celular. Por exemplo, 71% das pessoas com acesso a Internet em ambos os dispositivos verificam se as informações encontradas na rede era verdadeira. O percentual cai para 37% quando o acesso é somente pelo celular.

Outro exemplo é sobre medidas de segurança para proteção dos dispositivos e contas. 74% são usuárias de mais de um dispositivo; enquanto somente 35% utilizam somente o celular.

E 57% das pessoas com acesso a partir do computador e do telefone móvel mudaram configurações de privacidade para limitar o compartilhamento de dados, enquanto o percentual cai para 27% para aqueles que usam exclusivamente o celular.

Atividades culturais

Com relação a atividades culturais – cuja coleta de dados é realizada a cada dois anos pela TIC Domicílios – o estudo registrou aumento no consumo de música, vídeos e podcast pela população brasileira.

Se, em 2021, o streaming de música era consumido por 61% da população do País, em 2023, o número sobe 4 pontos percentuais, chegando a 65%.

Com relação a filmes, séries e programas, 61% da população brasileira consumia em 2021 e, neste ano, subiu 3 p.ps, para 64%.

Mas o salto maior é de podcast. Em 2019 10% da população acima de 10 anos ouvia podcast. Em 2021, o número subiu para 22% e, neste ano, chegou a 29% da população que consome este tipo de produto.

“O consumo desses conteúdos vem seguindo uma trajetória de aumento”, comentou Storino. “E existe um equilíbrio entre conteúdo nacional e estrangeiro”, completou.

Neste sentido, a maioria da população consome podcasts nacionais (29%) e 7% ouve os estrangeiros. Com relação às músicas, 64% dos brasileiros como um todo escutam músicas nacionais enquanto 37% ouvem estrangeiras. Já com relação a filmes existe uma paridade (44% para nacionais versus 43% para estrangeiros). E, com relação a séries, a lógica inverte (34% da população assistem a séries nacionais enquanto 41% a séries estrangeiras).

Metodologia

A pesquisa, de abrangência nacional, ouviu indivíduos de 10 anos ou mais entre março e julho de 2023. Ao todo, a amostra coleta dados de 23.975 domicílios e de 21.271 indivíduos respondentes.