A Samsung está considerando trocar o Google pelo Bing, da Microsoft, como buscador padrão de dispositivos Android. A companhia sul-coreana possivelmente dará fim à parceria de longa data com a big tech americana por conta dos novos recursos agregados ao Bing pelo ChatGPT. As informações são do New York Times.

Não está claro se a aproximação da Microsoft com a tecnologia de inteligência artificial (IA) é a principal razão para a Samsung considerar uma mudança, após 12 anos de contrato. No entanto, essa foi a conclusão à qual chegaram executivos do Google. A parceria ainda está em negociação, portanto a Samsung pode acabar renovando o contrato.

A preocupação do Google com a nova onda de IA entre os seus competidores começou em novembro de 2022, quando a OpenAI lançou o ChatGPT. Apenas duas semanas depois, a big tech criou uma força-tarefa na divisão do buscador, a fim de criar produtos de IA, segundo duas fontes próximas. O negócio de busca do Google valia US$ 162 bilhões, em 2022.

De acordo com mensagens internas vistas pela publicação americana, “pânico” foi a reação do Google sobre a ameaça do fim do acordo. O que está em jogo são cerca de US$ 3 bilhões de receita anual que a companhia ganha para ser o buscador padrão nos dispositivos móveis da Samsung, que vendeu 261 milhões de smartphones com Android do Google, em 2022, segundo dados da IDC.

A ideia de que a Samsung considera trocar de ferramenta de busca chocou funcionários do Google. Alguns receberam uma mensagem de que a companhia está procurando voluntários, em abril, a fim de preparar um material para ser apresentado à Microsoft. Um porta-voz do Google disse ao jornal americano que fabricantes de smartphones Android são livres para adotar tecnologias de diferentes empresas.

Novos recursos

Por conta do risco iminente de perder a liderança no mercado de busca, o Google está acelerando o desenvolvimento de um novo motor de busca utilizando IA. A companhia também está atualizando a tradicional ferramenta de pesquisa já existente com recursos de IA, conforme anúncio feito em fevereiro. O Bard, seu chatbot generativo, está em fase de testes.

Google já havia mostrado como pretende agregar IA na busca. A ferramenta dará respostas mais assertivas, em cima da tradicional página com links da pesquisa. (Crédito: divulgação)

Sob o nome de projeto Magi, novos recursos estão sendo criados por uma equipe com designers, engenheiros e executivos, que estão trabalhando em grupos dedicados, otimizando e testando as versões mais recentes. Ainda assim, nem tudo que está em teste será necessariamente lançado, segundo Lara Levin, porta-voz do Google, que tem mais de 160 pessoas trabalhando em tempo integral nisso.

A intenção é que nova ferramenta de busca ofereça uma experiência mais personalizada do que a atual, antecipando as necessidades dos usuários. Ela tentaria prever o que as pessoas desejam saber, com base no que já foi pesquisado. Com tom mais coloquial, ela ofereceria listas pré-selecionadas do que comprar, pesquisar, além de outras informações.

A previsão é que o Google libere as ferramentas para o público em maio de 2023, adicionando mais recursos no último trimestre. Antes de lançar o novo buscador repaginado, entretanto, o projeto Magi adicionará funcionalidades ao mecanismo de busca existente. Inicialmente, os recursos, disponíveis só nos Estados Unidos, devem ser liberados para 1 milhão de pessoas. Até o fim de 2023, esse número deve aumentar para 30 milhões.

Outros recursos

Além de agregar IA à ferramenta de busca, o Google também está trabalhando em outros produtos com a tecnologia, segundo o New York Times. Uma ferramenta chamada GIFI usaria a tecnologia para gerar imagens com base em resultados do Google Imagens. Outra ferramenta, o Tivoli Tutor, ensinaria aos usuários um novo idioma por meio de conversas com uma IA.

A ferramenta intitulada Searchalong permitiria que os usuários fizessem perguntas a um chatbot, enquanto navegam na Internet, por meio do Google Chrome, como a Microsoft já fez ao incluir o chatbot generativo no navegador Microsoft Edge. As pessoas poderiam, por exemplo, solicitar ao chatbot que recomendasse atividades próximas a um local reservado pelo Airbnb. A IA examinaria a página do aluguel e o restante da Internet para dar a resposta.