Existem pessoas que sofrem de acumulação compulsiva, uma doença psiquiátrica que faz com que guardem coisas velhas em casa. É gente que não consegue se desfazer de nada, sejam roupas furadas, documentos antigos, jornais, revistas etc. Em vez de jogar fora, vai acumulando todo esse lixo em casa, em pilhas e mais pilhas, a um ponto em que fica difícil até mesmo se movimentar pelos cômodos – isso sem falar no risco de doenças alérgicas. A desculpa para guardar tanta coisa é a sensação de que pode vir a precisar delas em algum momento no futuro, ainda que seja muito pouco provável.

Transportando essa doença para o mundo digital, e guardadas as devidas proporções, noto que muita gente tem o mesmo hábito no que diz respeito aos aplicativos instalados em seu smartphone. Especialmente quando se trata de um aparelho com alta capacidade de armazenamento, o usuário acaba deixando esquecidos ali um monte de aplicativos que foram baixados um dia mas raramente abertos. Enquanto não falta espaço na memória, os apps antigos não incomodam a essas pessoas. São os acumuladores de apps.

Não chega a ser uma doença psiquiátrica, como aquela que aflige os acumuladores de bens físicos – pelo menos não está tipificada até agora pelos psiquiatras. Mas pode fazer mal, sim, não à saúde da pessoa, mas ao funcionamento do seu smartphone. O que pouca gente sabe é que muitos apps rodam ao fundo, mesmo quando não abertos, ocupando capacidade do processador e memória RAM. Além de consumirem seu plano de dados, podem tornar o aparelho mais lento. Ou seja: ter um monte de apps velhos instalados no aparelho causa consequências mais danosas que simplesmente a ocupação de memória.

Eu me encaixava nesse perfil de acumulador de apps, até que me dei conta que talvez isso estivesse deixando meu smartphone lento. Fiz uma triagem no aparelho e encontrei pelo menos 20 apps que não eram abertos há mais de seis meses e que dificilmente o seriam nos próximos anos. Apaguei todos. Havia entre eles alguns que podem ser eventualmente úteis, mas, se um dia precisar deles de novo, posso simplesmente baixá-los mais uma vez na loja de aplicativos, uma operação que não tarda mais que poucos minutos (ou segundos, dependendo do tamanho do app). A sensação em seguida foi de leveza, como se o smartphone tivesse tirado um peso das costas… E, de fato, ele ficou mais rápido daí em diante.

Sugiro o mesmo exercício para todo mundo: faça uma varredura no seu smartphone e mantenha somente aqueles apps que você realmente usa. Aqueles que não foram sequer abertos há mais de seis meses provavelmente podem ser apagados sem dor na consciência.