Assessoria do Ciab Febraban

Presidente da IBM na América Latina, Ana Paula Assis

A presidente da IBM na América Latina, Ana Paula Assis, acredita que o blockchain terá potencial de disrupção similar à Internet. Embora esteja em seu começo de vida, a tecnologia, construída em nós de rede descentralizados, pode mudar o modo como fazemos transações, na visão da executiva.

“O blockchain vai fazer pelas transações o que a Internet fez para as informações”, disse Assis, em conversa exclusiva com Mobile Time, após sua palestra no Ciab Febraban 2019, na última quinta-feira, 13. “Nós vimos avanços consideráveis na tecnologia nos últimos dois anos. Hoje há mais maturidade nos ecossistemas para implementação dos modelos blockchain”.

Questionada como imagina o papel do mobile na solução, a presidente da empresa acredita que as aplicações móveis não serão o ponto central do blockchain. Para ela, o mobile será um canal usado “para transação e integração” entre os diferentes players de um ecossistema com blockchain. Um exemplo citado por Assis é o recente lançamento da Rede de Blockchain do Sistema Financeiro Nacional (RSFBN) que tem como seu primeiro caso de uso o reconhecimento de dispositivos móveis para combater fraudes.

“O blockchain é um pouco diferente do avanço que vimos no mobile e da Internet. Pois, por princípio, ele faz a integração do ecossistema. É o caso da RSFBN. O uso da solução só faz sentido quando você tem vários participantes da rede”, frisou a executiva. “Além disso, nós acreditamos que as ferramentas devem seguir padrões abertos. E devem permitir a interoperabilidade da rede. Esses são os dois principais fundamentos do blockchain de uma maneira ampla”.

Casos na América Latina

Entre os casos de uso que Ana Paula Assis, da IBM, cita com soluções de blockchain na América Latina estão: o caso da Bolsa de Santiago no Chile, que reduziu de 4 dias para 4 segundos o tempo médio por transação; a seguradora Majesco, que reduziu gastos com processos em um seguro similar ao brasileiro DPVAT; além do Go Ledger da Grow Tech, um app mobile para acompanhamento de todo o fluxo do uso de vacinas pelo regulador, pelo farmacêutico e pelo Ministério da Saúde.

Casos no Mundo

Contudo, Assis destaca ainda casos globais, como o rastreamento de alimentos usado pelo WalMart que reduziu o rastreio de mangas de 7 dias para 2,2 segundos; a rede de transações Trade Lens, que compreende 50% das empresas que realizam todo transporte marítimo global e realiza 10 milhões de eventos por semana; e a rede para câmbio IBM Blockchain World Wire, com 72 países e 40 moedas oficiais, que, por exemplo, permite a um banco brasileiro transferir dinheiro para um banco espanhol, convertendo real em moeda digital e depois em euro. “Já temos um banco no Brasil que assinou a carta de intenção do serviço de câmbio”, disse a presidente da IBM, porém sem revelar seu nome. “Hoje pelo que a gente tem visto, todas as indústrias estão identificando casos de negócios para aplicar a tecnologia”.