Depois de três anos usando um iPhone como telefone pessoal e um Android como aparelho corporativo, passei o último mês com um Windows Phone no meu bolso. Quer dizer, não apenas no bolso, mas na mesa de cabeceira durante o sono, no painel do carro ao dirigir por aí, na mochila, enfim, sempre por perto, como acontece hoje com todo mundo. O telefone em questão é o Nokia Lumia 820, que tomou o lugar do iPhone depois que fui assaltado. Claro que senti diferença, algumas boas, outras nem tanto. Então acho que vale a pena compartilhá-las aqui, para ajudar quem está na dúvida sobre embarcar ou não em um Windows Phone.

Primeiro, os pontos positivos. O design moderno do menu de navegação salta aos olhos. Não são precisos 30 dias para perceber isso. Basta pegar um aparelho Windows Phone na mão em qualquer loja para ver como a interface do iPhone ficou velha e feia, com seus ícones quadrados empilhados em colunas estanques. A interface no Windows Phone é modular e totalmente ajustável pelo usuário. E os "live tiles", espécies de widgets, dão um colorido especial à home screen.

Outro ponto positivo: a resposta do aparelho durante a navegação pelos menus principais é muito mais rápida que na maioria dos Androids. Isso revela como a combinação entre software e hardware foi bem desenhada. É raro ocorrerem bugs. Nesse ponto se assemelha ao iPhone, que goza da vantagem de o desenvolvedor do sistema operacional ser o mesmo do aparelho.

Embora não seja o top de linha da Nokia, o Lumia 820 tem uma câmera bastante boa, com lente Carl Zeiss de excelente luminosidade para um telefone. As fotos com pouca luz ficam melhores que aquelas tiradas com o iPhone 5. E ainda conta com a possibilidade de se ajustar a ASA, entre 100 e 800. O armazenamento automático das fotos no serviço SkyDrive, com 7 GB de espaço gratuito, funciona tão bem quanto o iCloud, com a vantagem de permitir o envio de vídeos.

Os comandos de voz também merecem destaque. O aparelho entende português e funciona perfeitamente na busca dos contatos pelo nome e para realizar chamadas, mesmo quando se está caminhando por uma rua barulhenta. Aliás, descobri que é mais fácil fazer uma ligação por comando de voz do que procurando pelo contato na agenda com os dedos. Outra função interessante é a leitura de mensagens recebidas quando conectado a um alto-falante Bluetooth.

E não posso deixar de mencionar o fato de o Lumia 820 ser um smartphone 4G. Quando a rede LTE está disponível, a diferença é brutal em relação ao 3G. Dá para assistir vídeos em HD no YouTube sem travar. Mas a cobertura no Rio de Janeiro ainda precisa melhorar.

Acredito que a integração com o Windows 8 em um desktop ou laptop seja outro diferencial positivo, mas não testei esse aspecto.

Falta de apps

Agora, os pontos negativos, afinal, nenhum OS é perfeito. No caso do Windows Phone, o maior problema é a notória falta de aplicativos. Alguns hits do Android e do iOS ainda não aportaram ao Windows Marketplace. Os que mais sinto falta no dia a dia são Waze, Instagram e Taxibeat. Isso só vai mudar se o sistema operacional da Microsoft ganhar escala. Enquanto tiver menos de 10% do mercado de smartphones, terá que gastar dinheiro para atrair desenvolvedores.

E tampouco adianta ter aplicativos se eles não forem bons. Notei que em alguns casos as versões para Windows Phone eram piores do que aquelas para iOS (o que também acontece com Android muitas vezes). É como se o desenvolvedor fizesse o app sem o devido carinho e atenção. Um exemplo é o aplicativo do Banco do Brasil, que parece uma cópia do site e nem sequer conta com leitor de código de barras, função básica para mobile banking e que está presente em seu app para Android e iOS. O Rdio, serviço de streaming de música, até fez um app bonito, aproveitando a interface moderna do Windows Phone, mas possui muitos bugs, travando frequentemente a execução das músicas. O contraste fica claro quando se compara com a versão do Skype para Windows Phone, esta sim bonita e bem feita, o que não é de se estranhar, já que pertence à Microsoft.

Em suma: o Windows Phone é um bom sistema operacional, com potencial para ser, sim, um terceiro player de força no mercado de smartphones. E o Nokia Lumia 820, em particular, é um aparelho em que hardware e software estão bem casados. Só falta a plataforma ganhar escala para resolver o problema da variedade e qualidade dos apps.