Em um país de dimensões continentais, com enorme diversidade populacional e diferentes níveis e formas de acesso à Internet, como o Brasil, há espaço para se trabalhar com diferentes documentos de identidade digital de acordo com o contexto. Esta é a avaliação de Yasodara Cordova, principal privacy researcher da unico. Ela, que participará do painel de abertura do seminário Mobi-ID, nesta quinta-feira, 18, conversou sobre o tema com Mobile Time.

“Identidade digital é contextual. Você não precisa apresentar um documento do SUS quando vai votar. E não precisa do seu título de eleitor para realizar um pagamento. Como a identidade é contextual, há espaço para muitos atores ocuparem esses contextos”, comenta Cordova. “Talvez em países pequenos, como a Estônia, que tem 1,3 milhão de habitantes, seja possível resolver o problema da identidade sem grande esforço. Mas o contexto do Brasil é muito mais diverso. Aqui há diferentes maneiras de usar o celular, há diversidade de dispositivos, diferenças no acesso à tecnologia etc. Podemos  criar vários tipos de identidades com vários tipos de finalidades”, acrescentou. E, dependendo justamente da finalidade e do público-alvo, uma versão impressa pode ser necessária, pois nem todos os brasileiros têm familiaridade com as interfaces digitais, pondera.

No contexto brasileiro, a executiva não vê como negativa a fragmentação de bancos de dados biométricos, dispersos entre atores públicos e privados. Pelo contrário, entende a descentralização como natural e benéfica, em razão do tamanho e da diversidade do País.

Por outro lado, Cordova defende que haja um nivelamento na adoção de padrões internacionais pelos players que atuam no Brasil. “Este é o maior desafio, eu diria. Isso ajudaria a nivelar o jogo de maneira mais homogênea”, comentou.

Por fim, a pesquisadora destaca a demanda cada vez maior por privacidade e proteção de dados. “Dizia-se que o software ia engolir o mundo. Agora será que a privacidade vai engolir o software?”, questiona. A unico tem dedicado atenção especial à pesquisa e ao desenvolvimento de soluções de privacidade. Cordova encara a sua própria contratação, ou seja, a de uma pesquisadora, como um indicativo da importância que a companhia confere ao tema.

Mobi-ID

Além de Cordova, o painel de abertura do Mobi-ID contará com as participações de Celio Ribeiro, presidente da Abrid; Gileno Barreto, diretor-presidente do Serpro; Rafael Sbampato, head do ValidLabs; e Sandro Vieira, juiz auxiliar da presidência do TSE. A programação completa e mais informações estão disponíveis em www.mobi-id.com.br.