O conselho da Warner Bros Discovery recusou de forma unânime a oferta feita pela Paramount Skydance nesta quarta-feira, 17. De acordo com nota enviada ao mercado, a empresa afirmou que a proposta não atende o melhor de seus interesses, sequer alcança os critérios para superar a oferta pela Netflix e reitera a aprovação da proposta inicial de 5 de dezembro.
“Estamos confiantes de que a nossa fusão da Warner (sem Discovery) com a Netflix representa um valor superior e mais seguro para os nossos acionistas e estamos ansiosos para concretizar os benefícios convincentes de nossa combinação”, disse Samuel A. Di Piazza, Jr., presidente do conselho do conglomerado de mídia.
Entenda
Para a Warner, a proposta hostil da Paramount de US$ 108 bilhões é ilusória, traz riscos e pode significar prejuízo a seus acionistas. De acordo com a companhia, a oferta não inclui um compromisso integral e incondicional da controladora, a família Ellison.
Ou seja, a empresa pede um respaldo para a operação de compra (não apenas dinheiro), caso dê um problema no futuro. É o caso da proposta da Netflix que ofereceu um valor menor em dinheiro, US$ 83 bilhões, mas tem como contrapartida ações da própria Netflix, valor adicional das ações da Discovery Global e a possibilidade de participar de uma potencial valorização futura após a separação entre Discovery e Warner.
Não apenas isso, a Warner afirmou que na proposta da Paramount, caso ocorra algum problema (liability, no original em inglês), a sua participação seria de apenas 7% do total da proposta de US$ 108 bilhões, o equivalente a US$ 2,8 bilhões.
Também apontou riscos operacionais, como um aumento da dívida/EBITDA em 6,8 vezes e sinergia entre as operações da Warner e Paramount na ordem de US$ 9 bilhões, o que pode resultar em enfraquecimento da indústria de mídia – leia-se grandes rodadas de demissões.
bruta em 6,8 vezes da dívida/EBITDA para 2026 e sinergia da ordem de US$ 9 bilhões, o que pode resultar em enfraquecimento da indústria de mídia – leia-se grandes rodadas de demissões.
Paramount x Netflix
Em contrapartida, a Paramount reforçou à imprensa que sua proposta de compra é superior, tem garantia 100% em dinheiro e não possui exposições no mercado, uma vez que conta com equity de US$ 41 bilhões pela família controladora com a Red Bird Capital e US$ 54 bilhões de comprometimento de endividamento com Bank of America, Citi e Apollo. David Elllison, CEO do conglomerado, afirmou que a proposta não deixa a Warner com uma empresa linear de pequena escala e altamente endividada.
Na outra ponta da disputa, a Netflix comemorou a rejeição da oferta pela Paramount. Para Ted Sarandos, co-CEO da empresa, afirmou que a proposta de compra de US$ 83 bilhões é superior e tem o melhor interesse dos acionistas da Warner. Disse ainda que as empresas se complementam e reforçou o ímpeto de continuar lançando filmes nos cinemas.
Importante dizer, Mobile Time América Latina publicou na última terça-feira, 16, uma análise feita pela The Competitive Intelligence Unit (The CIU) que aponta implicações diretas em concentração de mercado no segmento de streaming. E que a questão para reguladores não será apenas aprovar ou bloquear, mas garantir a competição, incentivos à inovação e pluralidade na criação e distribuição de conteúdos.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA.
