O Nubank (Android, iOS) reuniu nesta quinta-feira, 18, a imprensa e influenciadores para celebrar seus dez anos de existência e comunicar os próximos passos do banco. Com apresentação repleta de dados do último relatório financeiro do primeiro trimestre de 2023, os executivos confirmaram que entre os focos do banco para o futuro estão o avanço no segmento de alta renda brasileira, crescimento da receita média por usuário (ARPAC, na nomenclatura da instituição) e o incremento nas operações no México e Colômbia.

Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, afirmou que o banco tem 63% dos clientes de alta renda no Brasil. Mas diferente do médio e do baixo, esses correntistas não têm o banco roxo como sua principal fonte de controle financeiro. A ideia da executiva é que o Nubank seja o principal banco deles.

Por sua vez, o CFO Guilherme Lago afirmou que o banco deve seguir com a estratégia de lançar mais produtos e serviços financeiros para manter a toada de crescimento do ARPAC. Com uma receita média mensal de US$ 8,6, ou US$ 24 no caso dos correntistas maduros, o Nubank quer chegar ao patamar dos bancos incumbentes que estão próximos dos US$ 40/mês.

No México, Junqueira afirmou que a companhia atingiu 500 mil contas abertas em pouco mais de duas semanas de operação. A executiva explicou que o mercado mexicano tem tanto ou mais potencial que o mercado brasileiro, uma vez que a penetração de serviços financeiros é baixa (10%) e o comportamento do seu consumidor com o cartão de crédito é similar ao norte-americano, ao usar a tarjeta como meio de pagamento principal. A cofundadora do banco afirmou ainda que deve lançar conta digital na Colômbia até o final de 2023. O modelo será o mesmo do México, com cofrinho e cartão de débito.

Por sua vez, o CEO e cofundador do banco, David Vélez, afirmou que o Nubank não deve expandir para outros países da América Latina nos próximos anos. Mas, eventualmente, o banco estará em outros mercados que não precisam ser necessariamente na região.

Análise I – É bancão em quantidade, mas não em lucro. Ainda

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David Vélez, CEO e Cofundador do Nubank (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Por mais que o Nubank faça um discurso de “não somos um banco, somos uma empresa de tecnologia” ou mesmo que são diferentes dos colegas da Faria Lima, a instituição é, sim, um banco. O Nubank tem números de clientes como uma incumbente, com 80 milhões de clientes na América Latina, sendo 75 milhões deles só no Brasil. A maioria das fintechs não chega nem perto desses números. E, para corroborar, a recente pesquisa do Panorama de Apps Mobile Time/Opinion Box indica que o banco tem metade dos usuários móveis no Brasil. Ou seja, já tem números para ser bancão.

Por outro lado, seu lucro ainda está bem longe dos concorrentes tradicionais e, aí, neste momento, ele se assemelha a uma fintech. Para exemplificar, o Itaú teve R$ 8,4 bilhões de lucro líquido no primeiro trimestre de 2023; o Bradesco, R$ 4,28 bilhões; e o Santander, R$ 2,14 bilhões. O Nubank teve US$ 182 milhões, o equivalente a R$ 925 milhões na conversão do final de março, um resultado menor que os bancões, mas ainda assim expressivo para o banco roxo, que teve um prejuízo de US$ 10 milhões um ano antes.

Para alcançar os grandes bancos privados e conseguir um assento na mesa, o Nubank escolheu a alta renda como alvo. Porém, a estratégia do Nubank não significa que deixará de atender os pequenos e médios consumidores. A escolha aqui é o aumento do ARPU (ou ARPAC) entre seus correntistas com a oferta de mais produtos e serviços. Um exemplo citado por Junqueira nesta quinta-feira é o desenvolvimento de produtos para adolescentes e pré-adolescentes.

Análise II – Questões inquietas

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Cristina Junqueira, cofundadora do banco (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

A primeira inquietude no Nubank é justamente com a busca do aumento do ARPU e o ganho de tração na alta renda. Esses produtos são custosos. Basta ver que os gastos operacionais do Nubank cresceram 14% no terceiro trimestre de 2023, de US$ 361 milhões para US$ 407 milhões. Se o banco quer seguir “empoderando o consumidor”, como disse Vélez, quem vai pagar a conta?

Outra questão que o banco não esclareceu hoje é o preço da retenção do cliente. Com o open finance e soluções de gestão financeira pululando nos bancos e carteiras digitais, a bola da vez é reter o cliente em seu app. Segundo dados recentes da Idwall, o Nubank lidera entre os bancos nacionais com 25% dos clientes brasileiros que controlam suas finanças lá. Mas na soma dos resultados, ainda perde para os incumbentes, que detêm 51%. Isto em um cenário em que cada brasileiro tem, em média, conta em cinco bancos.