A Celistics, uma nova distribuidora de celulares na América Latina com apenas cinco anos de criação, está ganhando espaço junto a fabricantes, operadoras e redes varejistas por conta de um novo modelo de trabalho, que consiste em manter um inventário mínimo. Isso é possível graças a um detalhado planejamento em conjunto com fabricantes e operadoras, para medir a demanda e transportar somente o necessário. Desta forma, a Celistics transportou no ano passado 72 milhões de aparelhos distribuídos em 4,5 mil cargas, que percorreram mais de 600 rotas internacionais diferentes cujo destino eram 16 países da América Latina. A companhia não abre sua receita, mas informa que pretende crescer a uma velocidade de dois dígitos este ano.

"O modelo de distribuidor com inventário está obsoleto. Não combina com a atual dinâmica do mercado", diz Antonio Belfort, diretor geral da Celistics. "Há dez anos havia poucos fabricantes e modelos de aparelhos. Hoje em dia são muitos. Um celular fica obsoleto em dois meses e seu preço cai rapidamente", explica, para justificar a manutenção do menor estoque possível.

Segundo o executivo, o segredo é trabalhar com o que chama de "logística inteligente". Isso significa não apenas medir com precisão a demanda dos clientes, mas pesquisar rotas alternativas para transportar as mercadorias. Um exemplo citado é o seguinte: em vez de esperar por um avião de carga que decola a cada dois dias para trazer um pedido de 50 mil aparelhos da Coreia do Sul, melhor dividir a encomenda em parcelas de 5 mil peças e transportá-las em voos comuns de passageiros, que saem a toda hora.

A Celistics é responsável por pegar os telefones direto das fábricas pelo mundo e levar para operadoras e varejistas na América Latina. Cerca de 70% dos equipamentos vêm da Ásia. Todo o percurso é monitorado, desde o ponto de coleta até a entrega. A carga, considerada valiosa, conta com esquemas de escolta, dependendo das rotas. Antes da entrega final, as embalagens passam por eventuais adaptações nos armazéns da Celistics, de acordo com as demandas dos destinatários, o que pode incluir colar adesivos, embarcar SIMcards etc. No Brasil, a Celistics conta com clientes como Vivo, Claro, Embratel e NET.

Belfort explica a aposta da empresa de se focar no setor de telecomunicações: "consideramos que telecomunicações são o futuro. Nos EUA, os jovens não têm mais telefone fixo, só celular. Em vez de PCs, usam tablets. A penetração de smartphones na América Latina varia de 16% a 22% e estimamos que vai superar 50% nos próximos dois anos".