As soluções móveis não estão presentes apenas nas grandes cidades, mas também no agronegócio. A empresa Gestão Agropecuária, de Goiânia, desenvolveu um sistema em tablets que ajuda no controle da alimentação do gado em fazendas agropecuárias.

“Um dos processos no confinamento bovino é a distribuição de ração para os animais. Existem caminhões que jogam milho, caroço de algodão, enfim, uma receita de bolo, e essa mistura é distribuída pelos caminhões que passam nos cochos dos bois”, explica o diretor de TI da Gestão Agropecuária, Flavio Redi, responsável pelo desenvolvimento do sistema. O que acontecia nesse processo de alimentação antes era que os funcionários precisavam anotar em papel a quantidade de ração que foi dada para os bois para controlar a alimentação de acordo com as recomendações dos nutricionistas. Agora, as fazendas podem instalar tags nos currais, ou seja, pequenos equipamentos coletores de dados que enviam as informações para um software – desenvolvido pela Gestão Agropecuária – instalado em tablets. O sistema, então, mostra a rota que o caminhão precisa seguir, a quantidade de ração recomendada para distribuição, o quanto foi realmente jogado e um comparativo entre esses dois números.Os tags usados são da Intermec e os tablets, da Samsung e da Motorola. Os tablets são conectados aos servidores das fazendas, para onde os dados são enviados. Relatórios e gráficos são gerados pelo sistema e acessados pelos gerentes.

Além de os funcionários não precisarem mais anotar as informações no papel, os benefícios são muitos, segundo Redi. “Uma das vantagens é que diminui a quebra de maquinário. Antigamente, o funcionário tinha que parar o caminhão em cada curral para fazer a anotação. Esse processo de parar a toda hora caminhões que carregam oito toneladas de ração gerava problemas. Hoje, o caminhão anda numa velocidade constante”, diz ele. “Outro ponto é o tempo. Agora o empregado não precisa mais parar para anotar. Assim, ganhou tempo no decorrer do dia e diminuiu as horas extras, que muitas vezes eram necessárias para cumprir a programação. Cumprindo o planejamento, ele passou a tratar mais animais. Em um processo normal com anotações, o funcionário trata 7 mil bois. Com a automação, passa a tratar 12 mil. Isso influencia na matemática de viabilidade de um projeto, pois diminui a compra de caminhões e os gastos com funcionários”, complementa.

A automação dos sistemas de gerenciamento no setor é tendência para Flavio Redi. “Em vez de levar prancheta com 15 coisas, é mais fácil ver no tablet. Estamos caminhando para isso, mas não é na velocidade do mundo da cidade. É mais moroso”, diz. “Na verdade, a tecnologia é um caminho sem volta. Para o confinamento bovino ser produtivo, tem que automatizar. E o controle da alimentação dos bois é muito rígido, não pode faltar comida, porque o boi passa fome e não gera carne, o que resulta em prejuízo. Se sobrar comida, ele vomita, e é prejuízo também”, diz.

A empresa da capital de Goiás licencia o software e vende a automação do sistema por caminhão. “A economia gerada depende de cada fazenda, mas posso dizer que o projeto se paga no primeiro ano”, afirma Redi. A Gestão Agropecuária implantou o sistema na AC Agro Mercantil, fazenda em Minas Gerais que lida com 100 mil animais por ano; no Grupo Macaé, de Goiás, que trata 18 mil animais por ano; e no Grupo Captar, na Bahia, com 40 mil bois por ano.