A Nokia anunciou na semana passada a venda para a italiana Sisvel International de um total de 47 famílias de patentes, totalizando mais de 450 patentes e suas aplicações para serviços e dispositivos de comunicação móvel. Segundo a fabricante finlandesa, cerca de 350 delas foram “essenciais para o desenvolvimento dos padrões de segunda, terceira e quarta gerações, incluindo as redes de telefonia móvel GSM, WCDMA e LTE”. Outro pacote de registros está relacionada à otimização de tecnologias e encoding de vídeos.

Pouco se sabe dos detalhes do acordo entre Nokia e a empresa italiana de controle de propriedade intelectual, mas a Nokia garantiu a permanência de licença do uso das tecnologias.

Há quem avalie a venda dessas patentes como mais um indício de que a Nokia estaria disposta a abandonar o mercado de telefonia móvel, rumor que ronda o mercado há mais de um ano. O mais recente circulou há pouco mais de uma semana, sugerindo que a Nokia venderia seu negócio de smartphones para a Microsoft.

Para uma empresa que começou fabricando papel na Finlândia em 1865, construiu hidrelétrica para entrar no negócio de energia e fabricou produtos de borracha, a Nokia percorreu um grande caminho até se tornar um dos principais grupos na área de comunicação do mundo. A sua saída do segmento de telefonia móvel não é impossível, mas temos de considerar alguns pontos.

Faria sentido para a Nokia, se estivesse mesmo prestes a vender sua unidade de smartphones, ou mesmo a unidade completa de telefonia móvel, se desfazer das patentes para uma terceira empresa? Ainda mais em um momento em que patentes valem seu peso em ouro, vide a compra da Motorola Mobility (e suas patentes) pelo Google?

A Nokia já desmentiu que estaria negociando a venda de sua área de smartphones para a Microsoft. O que faz todo o sentido agora, já que essas patentes de telefonia móvel que abrangem as tecnologias GSM, WCDMA e LTE foram vendidas para a italiana Sisvel.

Como pouco se sabe sobre esse acordo com a Sisvel, é possível ainda que a italiana tenha cedido à Nokia direito de uso de outras tantas patentes que podem ajudar no desenvolvimento futuro de novos handsets, para proveito próprio ou de quem quer que compre essa unidade de negócios, se é que isso vai acontecer.

No final das contas, pode ser que a venda das patentes não tenha passado da mais simples estratégia de todas: geração de caixa.