De um ano para cá, a equipe dedicada a projetos de acessibilidade digital na consultoria Yaman passou de oito para 28 colaboradores. O crescimento do time é reflexo do aumento da demanda de grandes marcas em tornar seus sites e apps acessíveis para pessoas com deficiência, explica Afonso Acauan, CMO e diretor de produtos da Yaman. Porém, ainda há muito trabalho a ser feito.

“A maior parte dos apps e sites no Brasil não são acessíveis. A minha hipótese é a de que a principal causa disto é falta cuidado e conhecimento em geral do lado das empresas e de seus times de desenvolvimento. Consequentemente, os códigos acabam não contemplando aspectos de acessibilidade. Por exemplo, recentemente o nosso time de P&D fez um assessment de pesquisa em um app de um banco grande, que não é nosso cliente, e percebemos que, se você for cego, não consegue acessar sua conta porque os botões não estão descritos (o que é fundamental para as soluções de leitura de tela)”, comenta Acauan, em conversa com Mobile Time.

A consultoria tem um framework proprietário que contempla todas as diretrizes do WCAG, um documento internacional criado pelo W3C e composto por 78 diretrizes e três níveis de conformidade para acessibilidade na web. Estão cobertas deficiências visual, auditiva, motora e cognitiva.

O ideal é que o produto digital, seja um app ou um site, seja desenvolvido desde o princípio levando em conta o WCAG, pois uma série de boas práticas precisam ser seguidas ao programar o código fonte. Para a adaptação de produtos já existentes, recomenda-se analisar a jornada do cliente para priorizar a acessibilidade das funcionalidades mais utilizadas pelo público.

Embora não seja obrigatório, faz diferença, positivamente, ter pessoas com deficiência atuando nos projetos de acessibilidade. Na Yaman, dos 28 colaboradores da equipe de acessibilidade, 14 têm alguma deficiência. A maioria tem deficiência visual, mas há alguns autistas também.

Acauan aproveita para reforçar que acessibilidade e beleza não são atributos antagônicos. “Um produto acessível não precisa ser feio ou rústico. Buscamos acessibilidade mas garantindo a beleza do produto”, afirma.

Murillo Bolonhini Cita e Daniela Figueredo, participantes da equipe de consultoria em acessibilidade da Yaman