A foodtech ACOM Sistemas, plataforma de gestão e soluções no segmento de bares e restaurantes, juntou-se com a portuguesa ADECI para oferecer um serviço preditivo capaz de antecipar quantas pessoas vão ao estabelecimento nos próximos 31 dias e quais pratos serão os mais pedidos no mesmo período. Bola de cristal? Não, inteligência artificial.
A tecnologia está em fase de testes em um restaurante em São Paulo e, até o momento, tem 92% de acurácia. Ela foi desenhada para prever quantos pratos serão vendidos e, com isso, quais ingredientes comprar e quantos funcionários escalar por turno. Com isso, a ideia é oferecer metas ambiciosas aos estabelecimentos, como reduzir desperdícios; aumentar a eficiência operacional; e uma nova camada de inteligência. Tudo isso a partir da transformação do ‘achismo’ em dados confiáveis e operacionais.
Para afinar a tecnologia, as empresas combinam dados históricos do restaurante – quanto mais, melhor – e variáveis externas como clima, sazonalidade, eventos locais como shows, congressos, feiras, jogos e feriados, em um raio de 100 quilômetros, entre outros.
A partir desses dados, a IA faz a previsão de número de clientes que devem visitar o restaurante nos próximos dias e, a partir desse dado, o quanto de insumo deve ser comprado e quantos funcionários devem ser chamados. A IA, baseada em machine learning, aprende e vai ajustando com o tempo e aprendendo.

Carlos Drechmer, CEO da ACOM Sistemas. Foto: divulgação
“A ideia da integração das duas tecnologias é capturar a venda e a IA nos entregar a lista de compras da semana. E, com base na necessidade de consumo e os estoques, consigo gerar automaticamente a compra e o comprador deve dar o OK”, explica Carlos Drechmer, CEO da foodtech ACOM Sistemas em conversa com Mobile Time.
“O restaurante tem uma capacidade de vendas fixa, que são as mesas que ele tem. E um estabelecimento bem estruturado não muda essa capacidade a menos que mude o espaço e consiga acrescentar mais mesas e cadeiras. O ganho está em comprar melhor e, com isso, o restaurante pode revisar o cardápio ou até mesmo os fornecedores”, completa o executivo.
A IA vai se adaptando de acordo com os dados com os quais ela é alimentada. Se ela prevê 200 clientes num dia, mas o restaurante realizou 180 atendimentos, a tecnologia rearruma a rota e procura entender o que aconteceu. “Quanto mais dados históricos do restaurante melhor e conseguimos prever o futuro melhor”, explica o CEO da foodtech.
Modelo de negócio da foodtech
A ACOM Sistemas utiliza o SaaS como modelo de negócio. A empresa oferece uma série de produtos e a IA preditiva será mais um e poderá ser adicionado ao pacote básico da empresa por um valor extra. Vale dizer que a parceira portuguesa, ADECI, cobra cerca de 50 euros pelo serviço e, de acordo com Drechmer, a assinatura no Brasil não deverá ser muito diferente.
Próximos passos
A próxima etapa do piloto será integrar a solução preditiva em um restaurante do Rio Grande do Sul, onde será testada. Até o fim desse ano a solução continuará em fase piloto e em 2026 será feito seu lançamento oficial. Vale dizer que a ACOM soma mais de 300 grupos e dois mil CNPJs conectados ao seu ERP.
Em paralelo, a empresa desenvolve uma IA para simular compras. A solução nasceu para ajudar os restaurantes a economizarem durante esse processo. Isso porque, a partir da reforma tributária, será importante saber se a empresa com a qual o estabelecimento compra seus insumos é do Simples, Lucro Real ou Lucro Presumido. A reforma prevê um sistema de conta corrente de créditos e débitos de impostos e fará toda a diferença aos restaurantes comprar de uma empresa que não gere muito crédito de imposto para ele.
“Se comprar de uma empresa um produto, mas essa compra não gera crédito de imposto para mim o custo é um. E se comprar de uma empresa o mesmo produto, pelo mesmo preço, e gerar crédito, o custo, é outro. Estamos criando um simulador para apoiar os empresários a tomarem essa decisão de revisitar a pauta de produtos e fornecedores. Comprar melhor vai fazer a diferença para o restaurante. O mesmo produto com o mesmo preço de compra não significa o mesmo custo para um restaurante”, explica Drechmer.