A Nokia acredita que a evolução para a quinta geração de serviços móveis no Brasil está diretamente ligada ao desenvolvimento do mercado de verticais de negócios. Segundo Sandro Tavares, head de estratégias de campanha da empresa, a indústria de telecomunicações está passando por uma transformação, em que a conectividade não será o único negócio, e a 5G traz possibilidades até então distantes, como slicing e serviços especializados. “Tem um grande desafio de mudar a cultura e entender os diferentes negócios. Qual o melhor pacote para um produtor rural? Qual o melhor modelo para atender a área de transporte? Esses são os desafios que se colocam”, diz o executivo, cuja responsabilidade é justamente mostrar para as empresas as razões pelas quais os ciclos tecnológicos são importantes na transformação do negócio. Esta realidade, que ele vê como o caminho mais natural para o Brasil, não é exatamente a mesma nos EUA. “Lá o 4G está muito avançado e em alguns casos até saturado, então a estratégia é o 5G focado em banda larga e altas capacidades mesmo, até como substituição dos serviços fixos”, diz ele, que fica baseado no escritório de Dallas da Nokia e esteve no Brasil esta semana.

Ele acredita que a tecnologia de slicing ainda deve levar um tempo para estar plenamente disponível por conta de algumas pendências de padronização, mas isso já deve estar resolvido quando a 5G começar a ser implementada no Brasil. “As operadoras precisarão chegar com cloud na ponta da rede, e precisam ajustar o core de suas redes. Há um caminho a ser percorrido ainda”. Outro desafio é a necessidade de desenvolvimento dos ecossistemas para atendimento das diferentes verticais de negócio, e a necessidade de padronização entre as soluções que estão sendo desenvolvidas pelos diferentes players do ecossistema. Uma das apostas da Nokia é no Ecosystem Network, que busca justamente estabelecer estas pontes. “Também existe a necessidade de ações governamentais mais consistentes para o desenvolvimento deste ambiente de 5G. Um dos pontos é a questão do espectro, de modo a assegurar escala para os equipamentos. A Nokia vê a faixa de 3,5 GHz como muito importante e cita também o uso das faixas de 600 MHz (hoje utilizada pela radiodifusão), além das faixas milimétricas, incluindo 28 GHz (que está reservada para a banda Ka do satélite). Segundo Sandro Tavares, outras faixas são possíveis, mas estas devem ter uma grande cobertura global, o que deve gerar ganhos significativos de escala. A empresa não vê o movimento de refarming das faixas de 4G para 5G, sobretudo no Brasil, onde o LTE ainda é essencial para a massificação da banda larga móvel com exploração comercial.