Em mercados emergentes, onde há uma grande proporção de usuários de telefonia móvel com planos pré-pagos e que não possuem cartão de crédito, a cobrança através da plataforma de faturamento das operadoras, conhecida como "carrier billing", é tida como um caminho natural para oferecer serviços digitais a esse público. O problema é a dificuldade de se chegar a um acordo comercial entre teles, de um lado, e lojas de aplicativos móveis e empresas com serviços over the top (OTTs), do outro. Isso acontece porque as operadoras estão acostumadas a receber uma participação alta, da ordem de 50%, pelo uso da sua plataforma de billing, percentual que lojas de apps e OTTs não aceitam, porque não fecharia a conta. As lojas, por exemplo, costumam ficar com algo entre 15% e 30% do valor pago pelo consumidor, repassando o restante para o provedor do conteúdo. Essa demora em se chegar a um acordo está levando lojas de aplicativos e OTTs a apostarem em outros canais, como cartões presente (gift cards) vendidos em redes varejistas. No Brasil, Google e Netflix já adotaram essa solução. O alerta foi feito pelo analista principal da Ovum, Ari Lopes, durante palestra no seminário "CEM, Big Data & Analytics in Telecoms", realizado pela Informa nesta terça-feira, 20, no Rio de Janeiro.

"Poucos acordos de carrier billing com lojas de aplicativos saíram do papel no mundo. Mas as OTTs não estão paradas esperando. E talvez no futuro não vão mais precisar das teles", alertou Lopes.

Independentemente disso, vem crescendo o número de parcerias entre teles e OTTs no mundo e particularmente na América Latina. A maioria segue o modelo de zero-rating, ou seja, o tráfego no app é oferecido de graça para os consumidores, como um diferencial da tele. Mas há também acordos de venda de serviços co-branded, principalmente em música. Foram 26 parcerias em 2015 na região, segundo a Ovum. No primeiro semestre deste ano, a maioria das novas parcerias foram nas áreas de vídeo, mensageria e redes sociais.