[Atualizada às 14:00] A Brisanet, uma das principais provedoras regionais do País, apoia a formatação dada pelo conselheiro Vicente Aquino para o edital de 5G. Para a empresa, a atenção que está sendo dada na proposta para os ISPs, ao reservar faixas e blocos regionais para novos entrantes, é essencial para assegurar um ambiente competitivo também no 5G. Segundo José Roberto Nogueira, presidente e fundador da Brisanet, a própria empresa se empenhou em mostrar para a Anatel, inclusive nos workshops realizados pelo conselheiro Vicente Aquino, a importância desse espaço. “Parecia haver  um direcionamento (do edital) para poucas operadoras, as tradicionais. O que a gente fez foi trabalhar e mostrar que temos competência e possibilidade de construir essa rede também. Para operadores muito pequenos talvez seja difícil, mas existem players regionais que certamente terão disposição e condições de entrar no 5G”, diz ele, já se apresentando como um dos interessados. “Nós defendemos que seja uma faixa, de 50 MHz, para o mercado regional, com muitas obrigações de cobertura. Garanto que a gente não vai desperdiçar essas frequências”, coloca. “No 5G a nossa proposta é que haja um atendimento de 70% das pequenas cidades em cinco anos. E se não fizer, a Anatel tem que tomar a frequência de volta”, desafia o empresário.

Quando questionado sobre o fato de operadores regionais não terem conseguido viabilizar as faixas de 2,5 GHz para 4G, Nogueira explica que o contexto era diferente. “Ali, as faixas foram compradas para a banda larga fixa. E a tecnologia para isso não tinha escala nem era competitiva com a fibra. Foi mais barato atender aquelas cidades com FTTH do que esperar uma solução em 2,5 GHz. O que aconteceu é que com um terço do valor ele conseguia fazer um FTTH com 10 vezes mais capacidade. De fato (os pequenos operadores) ficaram devendo o uso daquela tecnologia, mas os preços dos equipamentos inviabilizaram para acesso fixo TDD”.

No 5G, diz Nogueira, os pequenos e médios entrantes terão a mesma escala e preço de equipamento todos os operadores, rebate. Para Nogueira, se a Anatel mantivesse a previsão de apenas três blocos nacionais de 100 MHz para a faixa de 3,5 GHz, haveria uso ineficiente da faixa. “Se for assim, em 10 anos teremos boa parte das cidades sem 5G, como acontece hoje com o 4G. E tem muitos casos em que o 4G chega sem fibra nas torres, e com pouca cobertura. Isso estamos falando quase 10 anos depois do leilão”.

Para o presidente da Brisanet, o diferencial dos provedores regionais é justamente a capacidade de prover backhaul e backbone a esta rede 5G. “O 5G vai chegar onde a fibra estiver. E não haverá cidade no Brasil sem fibra no final de 2023. E a maior parte (da cobertura) será dos pequenos provedores. Fora as 1 mil maiores cidades, quem estará presente com fibra no restante do Brasil são os pequenos e médios. Já existem hoje mais de 100 provedores de médio porte focados em backbone. Já temos provedores entregando mega a menos de R$ 5. Tem até distrito sendo atendido por fibra”. E completa: “se um dia tivessem restringido a tecnologia de FTTH às teles, hoje não teríamos o mercado de provedores fibra que temos no Brasil”.

José Roberto Nogueira defende também a reserva que a Anatel está fazendo na faixa de 2,6 GHz. “Esta capacidade que está sendo reservada, de 1,6 GHz, poderá permitir o acesso a uma grande quantidade de pessoas, mas a questão da cobertura é desafiadora e as aplicações não estão maduras ainda, mas pode atrair muitos entrantes novos. É preciso esperar, não precisa ter pressa agora. É uma faixa para 2025, por isso é importante manter essa reserva “, diz.

Planos

Sobre os planos da própria empresa, José Roberto Nogueira não esconde a intenção de participar da licitação de 5G. “Já temos um plano de investimento bem definido com condições de atender a área em que estamos, o Nordeste, de forma muito mais rápida e surpreendendo o mercado. A nossa sugestão é que haja um grande compromisso de abrangência. Queremos participar do leilão para mostrar que temos um diferencial. Mesmo que só a gente venha a participar, já será um recado para considerar novos operadores. Seremos um exemplo do que um operador regional pode fazer”, diz. Ele garante que vai viabilizar  a construção de 5G nas regiões mais pobres do País. “Vamos entrar sozinhos, não em grupo. Mas um dos modelos previstos é agregar centenas de pequenos provedores ao projeto depois, mas não posso dar muitos detalhes ainda”, diz, indicando que a Brisanet pensa em atuar como operador de rede para outros provedores menores.