Em sua contribuição à consulta pública da revisão do modelo de telecomunicações, a fornecedora norte-americana Cisco focou no fomento à banda larga por meio de incentivos da política pública e, com isso, a promoção de um ecossistema competitivo e dinâmico. Mas, sobretudo, defendeu que as over-the-top (OTTs) não podem ser consideradas substitutas aos serviços tradicionais, e nem podem ser equiparadas. "Os serviços de OTT não possuem recursos de numeração, espectro ou acesso à infraestrutura", defende a empresa.

Na visão dela, o próprio mercado das OTTs é diferente e "muito mais competitivo", já que as empresas podem ser "facilmente substituídas por novos prestadores a todo o tempo", argumento semelhante ao apresentado pelo Facebook em sua contribuição.  A Cisco também ressalta que os serviços over-the-top acabam beneficiando "tremendamente" as teles em termos de receitas, assinantes, valor e alcance da infraestrutura.

A companhia acredita que as receitas de dados têm compensado as perdas com serviço de voz. Ou seja: "são uma das principais razões pela qual os usuários pagam por serviços de telecomunicações para acessar os serviços de Internet, gerando assim uma situação de ganha-ganha". A recomendação é de, em vez de impor novas regulações para as over-the-top, que se trabalhe em modelo regulatório com menos obrigações aos detentores de redes.

O documento, assinado pelo diretor de relações governamentais da Cisco Brasil, Giuseppe Sidrim Marrara, finaliza com o pedido de estímulo para "novos modelos de negócios, opções de preços e pacote de serviços". A empresa acredita que, com menos regulamentação, o País terá um ambiente favorável à inovação, gerando ganhos para as operadoras e para as OTTs.