É absolutamente impossível construir toda a infraestrutura para o 5G, especialmente implantar as tecnologias necessárias para o Release 16, no prazo proposto pelo edital da Anatel: estas foram as principais críticas de Oscar Petersen, vice-presidente de assuntos regulatórios e jurídicos da Claro, e de Átila Branco, diretor de planejamento de rede da Vivo, no segundo painel do evento Seminário Políticas de Telecomunicações 2021, organizado pelo Teletime. De acordo com o relatório do conselheiro Carlos Baigorri, o prazo para a operadora vencedora do leilão entregar o 5G no padrão standalone é até o final de 2022.

“Nossa área técnica informou que o prazo mínimo para todas essas instalações é de cinco anos. Este prazo que consta no relatório é impossível de ser cumprido. Pedimos que nos dê um período para entregarmos um standalone completo. Caso contrário, o setor vai achar que tem uma Ferrari, só que será sem motor e numa rua esburacada”, disse Petersen. Branco completou: “Este prazo é exíguo. Nas nossas operações no Reino Unido e na Alemanha, esta instalação [do standalone] está demorando dois anos. Nossa proposta coincide com a da Claro. Para ter os benefícios daqui a cinco anos, temos que começar agora”, afirmou o porta-voz da Vivo, que é engenheiro especializado em planejamento de redes.

O conselheiro Carlos Baigorri rebateu as críticas explicando que o relatório foi amplamente debatido e que, às vésperas de sua apresentação, recebeu um ofício de grandes empresas com o pedido de revisão de prazos. Baigorri teria solicitado, então, um novo estudo da área técnica da Anatel, que manteve o prazo para o final de 2021 – entretanto, para garantir uma margem às operadoras, ele ampliou este período para o final de 2022. “A manifestação da área técnica da agência me deu segurança da possibilidade dos prazos”, afirmou. Contudo, Baigorri não descartou que o texto do relatório possa sofrer alterações durante a votação do Conselho Diretor na próxima quinta-feira, 25. “Tudo pode ser alterado e redefinido”.

Mais detalhes

Além da implantação do Release 16, as operadoras questionaram a falta de detalhamento para o restante do cumprimento do edital. “Está sendo exigido das empresas que construam uma rede para ser entregue a terceiros. Ninguém sabe qual o tamanho dessa rede, qual o valor? A vencedora vai ter que fazer conexão no Norte, uma rede fixa e outra móvel para o governo, troca de equipamentos para liberar o espectro, migração da banda Ku. Nossa sensação é que o processo está indo muito rápido para a complexidade que ele representa”, enfatizou Petersen.