smartphone

O mercado de celular no Brasil registrou queda de 8% em 2020. O número é melhor do que o previsto – a estimativa era de declínio de 19% – e está em linha com o movimento mundial, que recuou 7%. Ao todo, foram vendidos mais de 48,74 milhões de aparelhos em pleno ano de pandemia do novo coronavírus, sendo 46,18 milhões smartphones e 2,57 milhões feature phones, representando, respectivamente, quedas de 6% e 34% em relação a 2019. No ano passado, a receita total do mercado de celulares no País foi de R$ 71,7 bilhões, crescimento de 16% em relação a 2019. Os números foram divulgados nesta segunda-feira, 22, pela IDC Brasil.

O tíquete médio do celular subiu 24% em 2020, enquanto esse número cresceu apenas 3% em 2019. Os modelos que mais aumentaram em vendas no ano passado na comparação com o ano anterior foram os da faixa de preço entre R$ 1,1 mil e R$ 1,99 mil (83%) e de R$ 2 mil a R$ 2,99 mil (88%), mostrando a disposição do consumidor em adquirir um aparelho melhor, com mais recursos.

Segundo Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Mobile Phones & Devices da IDC Brasil, a empresa de inteligência de mercado projetou três cenários: otimista, pessimista e provável, sendo este último, com um cálculo estimado de queda de 19%. Contudo, o mercado reagiu melhor. Para o analista, o celular se mostrou um dispositivo indispensável, e iniciativas de fomento ao consumo, como o auxílio emergencial – que até utilizava o próprio celular para ser resgatado – mostraram a importância do handset, dando um maior equilíbrio ao mercado.

IDC

Renato Meirelles, analista de mobile phones e devices na IDC. Foto: divulgação

No segundo semestre de 2020, o mercado registrou uma curva em V, sendo a queda justificada pelo fechamento do comércio e a recuperação logo após a abertura. Ainda segundo Meirelles, a corrida para comprar um aparelho celular provocou uma crise no abastecimento não apenas no Brasil, como em todo o mundo. E o e-commerce acabou sendo um importante aliado na retomada do segmento.

“No cenário global, tivemos uma recuperação em U, ao contrário do Brasil, que caiu muito rápido e voltou a crescer muito rápido (a chamada curva em V). No mercado brasileiro tivemos um segundo trimestre uma queda agressiva e uma retomada no terceiro trimestre. Não tivemos recuperação ao longo de dois trimestres, como no cenário global”, explicou Meirelles para o Mobile Time.

Mercado premium

Com relação ao mercado premium brasileiro, o analista de pesquisa da IDC explica que o País está maduro, o que explica uma maior procura por aparelhos mais robustos. A faixa de R$ 1,9 mil a R$ 2,49 mil representava 4% de market share em 2019. Já em 2020, responde por 9%, aumento de 5 pontos percentuais. A faixa super premium, com smartphones acima de R$ 2,5 mil, teve incremento de 1 p.p., indo de 8% de fatia de mercado para 9% em 2020.

“Somando as duas faixas, estamos falando de 17% de market share em 2020, contra 12% de 2019. É um ganho considerável. O mercado brasileiro está chegando a um nível de maturidade. O consumidor está buscando especificações mais robustas, uma tela maior, mais memória. A câmera também vem demandando e a indústria vem atendendo a essa demanda do consumidor. E quando falo em mercado maduro, é porque o consumidor já está em seu terceiro, quarto ou quinto smartphone. É um mercado de substituição e ele vai buscar uma faixa de preço premium ou super premium. E a tendência é manter essa constante de crescimento. Inclusive, a faixa low end vem diminuindo cada vez mais e os consumidores migrando para as faixas acima”, resume Meirelles.

O analista estima que para os próximos anos, os feature phones tenham queda de dois dígitos. Entre os motivos estão: uma agressividade maior por parte da indústria em investir na categoria de smartphone; e uma maior demanda do consumidor por esse produto, resume. Vale dizer que os smartphones possuem 95% de penetração no mercado e os feature phones, 5%.

Estimativas para 2021

Em razão da crise do novo coronavírus e também por conta da alta do dólar o mercado oficial de celulares do Brasil deve registrar um crescimento modesto de 3% este ano e o chamado mercado cinza deve aumentar 4,5%, prevê a IDC.