O que é mais importante em um relógio: ser inteligente (leia-se conectado) ou ser bonito? Priorizar a estética ou a utilidade é o dilema enfrentado na concepção de qualquer novo wearable device. A resposta pode ser diferente dependendo das particularidades de cada marca, como ficou claro em painel com representantes dessa indústria no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, nesta quarta-feira, 24.

A Fossil, por exemplo, está no meio de uma guinada estratégica que envolve sua entrada no mundo dos wearables. A empresa é uma tradicional fabricante de relógios analógicos, reconhecidos pelo seu design, e dona de 16 marcas de acessórios de moda. No ano passado, contudo, registrou pela primeira vez em sua história uma queda em seu faturamento anual, que passou de US$ 3,5 para US$ 3,2 bilhões. A empresa entendeu que precisava acelerar o seu processo de digitalização.

"Entendemos que era necessário repensar a forma de construir as nossas marcas, apostando em omni-channel e em produtos conectados. Prevemos que em janeiro de 2017, 80% das vendas do varejo mundial serão impactados de alguma forma pelo digital, seja através de comparação de preços ou leitura de avaliações on-line", relatou Greg McKelvey, CSO e digital officer da Fossil. A empresa então comprou a californiana Misfit, criadora da pulseira inteligente Shine, e anunciou os seus primeiros relógios conectados, além de lançar o conceito de "smarter watch", ou relógios híbridos, que continuam sendo analógicos, com ponteiros de verdade, mas agregam alguns elementos conectados em seu mostrador. O executivo afirma que em um futuro próximo todos os relógios da Fossil serão conectados de alguma maneira. Isso transformará o relacionamento da marca com o seu consumidor. "Antes nosso contato com o consumidor acontecia apenas quando ele comprava o relógio e depois quando voltava para reclamar de algum defeito. Agora podemos conversar com ele a qualquer momento", disse.

Design

Enquanto a Fossil precisa provar que pode fazer relógios conectados e inteligentes, empresas de tecnologia que desenvolvem wearables se esforçam para criar produtos atraentes esteticamente.

"O mais importante é o design. O que você veste diz um pouco de quem você é. Trata-se de uma forma de expressão pessoal. É difícil para algumas pessoas do mundo da tecnologia entenderem, mas o design vem primeiro", disse Stephane Marceau, co-fundador e CEO da OmSignal, empresa que desenvolve roupas conectadas. A OmSignal é parceira da Ralph Lauren no desenvolvimento da PoloTech, camiseta conectada da marca. E recentemente apresentou um sutiã inteligente para atletas, o OmBra. "Foram 683 protótipos ao longo de dois anos até chegarmos ao produto final. Focamos primeiro na estética, depois no conforto e, por último, na tecnologia", relatou Marceau. O sutiã conectado capta uma série de sinais biométricos de sua usuária e os analisa em um aplicativo, auxiliando-a no aperfeiçoamento dos seus exercícios diários.

Fitness corporativo

Por sua vez, a Fitbit, uma das pioneiras no desenvolvimento de pulseiras inteligentes para monitoramento de exercícios físicos, agora aposta em um novo caminho: o mercado corporativo. A empresa criou a solução Fitbit Wellness, para medir a qualidade de vida no ambiente de trabalho. A ideia é estimular os funcionários a praticarem mais exercícios para melhorarem a sua saúde, o que é monitorado pelas pulseiras e pode ser acompanhado em um painel na web ou no smartphone.