Favela 3D

Exemplo de favela 3D que planejam desenvolver (crédito: Gerando Falcões/divulgação)

Iniciativa de inclusão digital da Gerando Falcões e da Valquírias World, o Favela 3D espera até o final do ano ter ações sociais transformadoras por meio da tecnologia. Em conversa recente com Mobile Time, Nina Rentel, diretora de tecnologias sociais na Gerando Falcões, explicou quais avanços estão preparando para o projeto, que tem como objetivo melhorar a vida dos moradores de favelas através de projetos de transformação digital.

Com presença na comunidade Vergel do Lago, em Maceió; Morro da Providência, no Rio de Janeiro; Favela Marte, em São José do Rio Preto; e Favela dos Sonhos – antiga Boca do Sapo –, em Ferraz de Vasconcelos (SP), a ideia do projeto é transformar radicalmente a vida das pessoas que vivem nessas comunidades por meio da digitalização. E isso começa medindo a pobreza e a vulnerabilidade nessas regiões.

“Até o final de 2022, há um planejamento diferente para cada território, mas queremos medir o avanço da pobreza e ver o índice de vulnerabilidade na Favela Marte e na Favela dos Sonhos”, explicou Rentel.

Tecnologia

Favela 3D

Exemplo de praça inclusiva no Favela 3D (crédito: Gerando Falcões)

De acordo com a executiva, o objetivo do Favela 3D é transformar as favelas como conhecemos, símbolos de pobreza e de afastamento social, em “peças de museu” por meio de ações em urbanismo, moradia, geração de renda, cidadania de paz, saúde, esporte e lazer.

Unindo governo, empresários e sociedade civil da localidade, o Favela 3D busca levar programas que construam moradia com placas de energia solar, praças com Wi-Fi, espaços de cultura e lazer, estruturas de capacitação profissional, atendimento de saúde e outras intervenções urbanas.

Entre seus parceiros estão American Tower, Accenture, Amazon, Banco Votorantim, iFood e Fundação Lehmann.

“Temos a expectativa de criar uma favela digital. É um dos grandes desafios que temos, pois é uma estratégia de cidadania digital. Fazemos uso de dados com monitoramento da pobreza e vulnerabilidade das famílias por meio de dados, e temos a solução de cidadania digital que parte para alfabetização social-digital das famílias que ali vivem, até que a favela esteja plenamente conectada. E os empreendedores na favela usam as melhores tecnologias para gerar renda por apps e outras plataforma”, explicou. “São soluções básicas com um nível de conectividade para levar a uma tecnologia e seguir avançando”, completou.

Parceiros

Game que insere moradores das comunidades no metaverso, Favela X (crédito: Gerando Falcões)

No caso da American Tower, a companhia atua como uma facilitadora de melhoria de conectividade nas comunidades. Além disso, o Favela 3D trabalha no formato de Digital Community, ao criar espaços nas comunidades com computadores, laboratório para desenvolvimento digital e capacitação profissional.

Mais recentemente, a Accenture desenvolveu o junto com a Favela 3D o jogo ‘Missão Favela X’, no Roblox, que busca trazer a população jovem das favelas para o metaverso, com a missão de digitalizar e transformar as comunidades, além de educar e conscientizar o jovem morador sobre as nuances que essa nova fronteira da tecnologia pode trazer a eles. Entre os parceiros das jornadas de ensino estão 99, Nestlé e Havaianas.

Pacto

“E vamos acompanhar a execução dos ‘pactos’ para avançar o fim da pobreza nesses quatro territórios”, completou, ao falar do Pacto da Gerando Falcões e Valquírias com 150 empresários, com o objetivo empregar 120 pessoas da Favela Marte até março de 2022.

“Esse é o pacto de inclusão econômica na Favela 3D. Nós queremos levar esse pacto para outras favelas. É necessário que todo mundo possa oferecer as melhores atividades e ativos para acabar com a pobreza. E vem para comprometer o empresário local para contratar funcionários da favela. Empregar 100% da favela com essas empresas. Conectamos a mão de obra com as empresas do Pacto”, explicou.

Em março de 2023, a expectativa é que o projeto acumule, em um ano, R$ 2 milhões, o equivalente ao somatório dos salários das posições preenchidas pelos trabalhadores. De acordo com levantamento da Gerando Falcões e da Valquírias, a condição na Favela Marte é grave, uma vez que:

  • A taxa de desemprego no Brasil está próxima de 12% (IBGE), mas na comunidade de São José dos Campos chega aos 26,7%;
  • 35% da população de 250 famílias da Favela Marte vive de bicos ou trabalhos temporários;
  • Um quarto dos moradores da favela têm renda de até R$ 500.

“Quando criamos o Favela 3D e implementamos em São José do Rio Preto, nós percebemos que era necessário ter mais cenários distintos para aprender e criar uma proposta que queremos entregar para o País”, explicou. “Para cada território fazemos um diagnóstico bem profundo. Durante o ano apresentamos soluções para a demanda de cada”, concluiu.

Além do projeto de medição da vulnerabilidade e da pobreza e contratação de trabalhadores, o projeto Favela 3D quer levantar 240 moradias em São José do Rio Preto, em parceria com a Boldarini Arquitetura e Urbanismo. Também está no radar a criação de um conjunto habitacional em Maceió.