Sob escrutínio em consequência do embate com o governo dos Estados Unidos, a Huawei tem a segurança como uma das pautas mais persistentes durante o Mobile World Congress, que acontece nesta semana, em Barcelona. Em resposta aos comentários do CEO da concorrente Ericsson, Börje Ekholm, sobre as necessidades de implantar testes de segurança ainda durante a fase de desenvolvimento de soluções, o vice-presidente do setor governamental e utilities da divisão Huawei Entreprise, Edwin Diender, disse que vê com bons olhos esse posicionamento por parte de organizações. “Como um provedor de tecnologia, apoiador de transformação digital e parceiro de inovação que somos, acho que faz sentido que ambos os lados compartilhem e combinem as ideias de aspectos de segurança”, afirmou ele em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 25.

Sobretudo, e da mesma forma que o concorrente, o representante da Huawei é enfático ao afirmar que o lugar da companhia não é o de definir ou aplicar políticas, legislações ou regras. “A legislação sempre deveria estar presente nas decisões dos governos, e nós apenas cumprimos as regras.” Ele ressalta que é importante que os governos tenham entendimento sobre questões de segurança e privacidade para a tomada de decisões.

Essa mentalidade também se aplica a plataformas que tratam de dados pessoais. A Huawei entende que as políticas públicas e regulações de segurança e privacidade não são impeditivos, mas apenas uma questão de adaptações, para o modelo de negócios de novas tecnologias, como reconhecimento facial no ambiente de smart cities. Segundo contou Edwin Diender, é tudo uma questão de atender e se adaptar à regulação. “Digamos que eu esteja trabalhando com o setor público no Rio de Janeiro como um gestor da cidade ou da área de TI. Se o governo quiser a plataforma, a legislação brasileira pode frear ou acelerar a implantação. Mas o reconhecimento facial é o mesmo utilizado em outros lugares, como Abu Dhabi. É a mesma solução, só muda a configuração”, afirmou ele.

“Se o setor público quiser implantar uma solução rápida em um caso de emergência como o aumento do nível da água em canais de Amsterdã – o que pode fazer a diferença e salvar vidas -, então tem de ter uma regulação que permita agir com rapidez”, justifica. “Na minha perspectiva, nada muda.”

Destaca-se que a Secretaria da Polícia Militar do Rio de Janeiro conta com um projeto em parceria com a Oi que utiliza solução de reconhecimento facial para a segurança pública durante o carnaval. A solução foi apresentada no Brasil em outubro pela operadora e pela Huawei. Nela, nem mesmo a tele tem acesso ao feed dos vídeos, o que garante a privacidade. Diender diz que há recursos que permitem anonimizar informações antes de os dados serem enviados para o tratamento, como o desfoque de rostos utilizado pelo Google no sistema Street View.