A Diebold Nixdorf, empresa que fabrica caixas eletrônicos, está começando a focar seus trabalhos em soluções de combate à fraude em PCs e smartphones com inteligência artificial, análise de dados e machine learning. Com essa tecnologia a companhia evita diariamente perdas de R$ 167 milhões aos seus clientes brasileiros.

Em sua unidade em Indaiatuba, cidade a 103 quilômetros de São Paulo, a empresa, que possui 140 profissionais, classifica em média por dia 500 tipos de malwares e analisa 370 mil ataques em 80,6 mil usuários. Por semana são inibidos 2,6 milhões de ataques aos usuários finais de seus clientes brasileiros.

Além disso, estima-se que o data lake trafegue quantidades próximas de Petabytes por mês.

De acordo com os especialistas de segurança da Diebold Nixdorf, em sua solução de combate à fraude há inteligência artificial e machine learning. Eles chamam a solução de Digital Security Intelligence (DSI) e foi desenvolvida “dentro de casa”, ou seja, não existe nenhum motor de parceiro por trás da solução.

 

Ataque e defesa

A equipe de segurança explica ainda que o produto atua em três frentes: desktops, smartphones e híbridos (englobando também objetos conectados, por exemplo). Dentro de sua solução, existem entre sete e oito camadas de proteção; além de diversas APIs que permitem conectar a solução de fraude aos bancos e varejistas. A companhia também possui sandbox que disseca malwares com machine learning ou com a análise de um programador.

Sobre os ataques em mobile, os especialistas frisam que a maioria é voltada para Android, principalmente a usuários das versões mais novas. Os especialistas da Diebold lembram de dados da Febraban que apontam que 70% dos acessos aos bancos brasileiros são feitos pelo mobile hoje e, portanto, este é o alvo principal dos criminosos atualmente. Os picos de ataques acontecem em datas comerciais. Já o principal tipo de ataque que os fraudadores usam é o phishing de SMS (smishing), mas eles veem que o acesso remoto (RAT) deve crescer.

Mobile

Um dos casos de fraude mobile mostrados pela equipe da companhia foi um ataque remoto que controlava o smartphone do usuário, descoberto em fevereiro deste ano. Por meio de um app falso do WhatsApp, ele pedia acessos às funções principais do celular e acompanhava o usuário em seus acessos nos bancos, copiava sua senha e acessava ao banco online. Os funcionários do time de segurança frisam que o Brasil é o terceiro país em quantidade de fraudes bancárias, mas é o primeiro em criatividade, principalmente no uso de engenharia social.

Estratégia

Elias Rogério da Silva, da Diebold Nixdorf, explicou que o grande salto para atuar com automação no combate a fraudes digitais foi a compra da GAS Tecnologia em 2012. Desde então, a empresa, que tem sedes na Alemanha e nos Estados Unidos, vem atuando no segmento. Sobre possíveis aquisições, o executivo não descarta nada no futuro. Mas frisa que o foco das compras será em software. Para o futuro, a companhia quer ganhar mais tração no varejo: “Nosso caso de uso está hoje nos principais varejistas. Tenho clientes como Carrefour, McDonald’s e Dia que já usam nossas soluções. Mas queremos crescer para o resto do varejo (pequenos e médios). Com isso, devemos avançar em parcerias com canais”.

Saúde financeira

No Brasil, a Diebold Nixdorf tem 60% de sua receita oriunda de software e serviços. Os outros 90% são dominados pelo hardware (caixas ATM) usados pelos bancos, uma vez que a firma possui aproximadamente 90 mil caixas eletrônicos no mercado nacional. No mundo, a empresa faturou US$ 4,6 bilhões no final de 2018, sendo que US$ 1 bilhão desse montante é de retail. Do total da receita, 4% (US$ 200 milhões) é usado para investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O percentual investido em P&D é o mesmo praticado pela unidade brasileira.