A próxima fase do Lift, o laboratório de experiências financeiras do Banco Central e da Fenasbac (Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central), deve avançar em temas ligados à inteligência artificial. É o que acredita João Pereira, especialista em FSI e parcerias estratégicas da Microsoft na América Latina. Durante o evento de comemoração dos cinco anos de operação do Lift nesta terça-feira, 25, o executivo levantou preocupações com vieses, como na análise de crédito.

João Pereira, especialista em FSI e parcerias estratégias da Microsoft na América Latina (reprodução de vídeo: Banco Central/YouTube)

“Uma questão importante é o AI rating, algo que pode ser melhorado ao longo do tempo. Fala-se pouco sobre isso. Quando você cria um viés baseado em CEP, idade ou gênero, você tem como criar imparcialidade em modelo AI/ML. Gosto muito de falar sobre isso porque é totalmente aplicável. Ou seja, como deveríamos fazer em AI/ML? Inclusive de open finance, que está criando modelo que está fazendo o score da pessoa que tem o CEP na zona leste de SP?” questiona Pereira. “Existem vários casos de parcialidade em inteligência artificial. Portanto, é factível nós não criarmos vieses em qualquer tipo de modelo de machine learning”, ponderou.

Por sua vez, Wagner Martin, VP de desenvolvimento de negócios na Veritran, a próxima etapa do Lift deve olhar para os dados. Em sua visão, “o ciclo dos dados chegou”, pois as empresas já estão coletando: “Acabou aquela coisa das pecinhas de Lego espalhadas na sala. Agora precisamos de um manual para montar o barquinho e a casinha” comparou. Martin afirmou que os dados podem ser usados pelo ecossistema para ajudar na inclusão, capilaridade e penetração dos serviços financeiros.

“Acredito que as inteligências artificiais estão aí e seguem aprendendo. Então, IA é um outro segundo passo. Mas esse ano, nós (Veritran) acreditamos que a grande tendência é dados”, concluiu.

Para Wagner Arnaut, CTO de IBM Cloud e Cognitive SW na IBM Brasil, os dados e a ética em IA também estão no radar da companhia para trabalhar no Lift. Mas também computação quântica pelo lado da tecnologia. E, pelo impacto na população, o foco do laboratório deve ser o acesso às finanças e a digitalização.

“O mercado financeiro tem um papel-chave na digitalização da sociedade. Podemos ter todo um ecossistema ao redor de um aplicativo financeiro, fazendo a diferença dentro daquela sociedade, comunidade e cidade. Ou seja, a digitalização é o primeiro elemento essencial”, disse. “Segundo elemento essencial, a ética da inteligência artificial dentro dos dados. Eu concordo com os colegas: dados e IA são pontos que estão fervilhando no mercado hoje”, complementou.