O Google confirmou nesta quinta-feira, 25, que começou a pagar royalties a veículos noticiosos por indexar suas matérias em sua ferramenta de busca. A informação chega após a disputa entre Google e Facebook com empresas de mídia australianas escalar ao ponto de considerarem um boicote contra as duas plataformas.

Em nota publicada por Brad Bender, vice-presidente de produtos noticiosos da empresa, a relação deve ser expandida ao redor do mundo em breve. Inicialmente fazem parte da iniciativa: o alemão Der Spiegel; os australianos InQueensland e InDaily;e os sites da Diários Associados do Brasil.

Bender credita o pagamento às empresas de mídia devido ao desafio financeiro que muitas delas vêm encarando, ao mesmo tempo que encaram e divulgam informações sobre a maior crise pandêmica da história humana e preocupações acerca de injustiça racial.

No entanto, a informação desta quinta-feira mostra uma perda do Google em uma queda de braço contra os veículos de comunicação e órgãos reguladores de competitividade na Austrália.

Entenda a disputa

A disputa começou inicialmente em dezembro de 2020 na Austrália. O regulador local de competição e consumo (ACCC) recebeu o aval do governo local para endurecer e questionar Google e Facebook por desequilibrar o ecossistema digital, em especial no ramo de notícias, que não estaria recebendo de forma correta pelas indexações.

Na sequência, em fevereiro deste ano, o regulador francês Autorité de la Concurrence ordenou que o Google pagasse os veículos de notícias apropriadamente. Na época, o órgão disse que “provavelmente” a companhia tenha “abusado de sua posição dominante” no mercado de serviços de busca geral, ao impor condições comerciais injustas a editores e agências de notícias.

Novamente na Austrália, em abril deste ano, o Ministério do Tesouro do governo australiano pediu que o ACCC lançasse um código de conduta para dar um poder de barganha aos veículos de mídia ante Google e Facebook. Com o código lançado no mês seguinte, as duas plataformas digitais tiveram que negociar com as empresas de notícias.

Golpe final

Após Google e Facebook fazerem jogo duro e não acertarem um pagamento, que estaria próximo dos US$ 600 milhões por ano, a ACCC instruiu a mídia australiana a fazer um boicote contra Google e Facebook, como publicado no jornal The Guardian, em especial pelas redações australianas estarem passando por problemas financeiros, como é o caso do Buzfeed Australia e do site 10 Daily, que fecharam as portas e demitiram 25 jornalistas durante a crise.

Vale lembrar, mesmo com queda significativa da receita de publicidade durante a crise do novo coronavírus, a Alphabet, controladora do Google, fechou o primeiro trimestre de 2020 com um aumento de receita de 15% contra o mesmo período um ano antes, saltando de US$ 36,3 bilhões para US$ 41,1 bilhões.