Facebook

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que sua companhia sofreu com percalços no terceiro trimestre de 2021 que afetaram o resultado da companhia, em especial a mudança no sistema de rastreabilidade do iOS que reduz a possibilidade de oferecer campanhas individualizadas e entregar resultados de campanhas mais assertivos aos assinantes.

“Nós tivemos percalços neste trimestre, inclusive com mudanças da Apple que afetam os nossos negócios e milhões de pequenos comerciantes, em um momento que já é difícil para eles e para a economia”, disse o executivo, em conversa com analistas de mercado nesta segunda-feira, 25.

Além do problema com a Apple, os efeitos da crise na cadeia de suprimentos de global e uma série de novos lockdowns por conta do avanço do novo coronavírus (Sars-CoV 2) no sudeste asiático afetaram a empresa. Esses movimentos podem causar uma receita menor no quarto trimestre de 2021 com anunciantes pausando suas campanhas de final de ano.

Contudo, o CFO do Facebook, David Wheener, ressaltou que a Apple foi responsável por causar uma receita menor e que este cenário ainda é bem nebuloso, uma vez que há dificuldade para obter resultados e alcançar o público do iOS com ações individualizadas. Sharon Sandberg, COO da companhia, afirmou que estão trabalhando com soluções internas e parcerias externas para resolver esses problemas, mas será um trabalho plurianual.

Ainda assim, o Facebook recomprou US$ 14,4 bilhões de ações no terceiro trimestre e ampliou o programa de recompra para US$ 50 bilhões.

Disputa

O CEO da plataforma afirmou que Reels é atualmente o principal fator de crescimento do tempo de engajamento no Facebook e Instagram. O Zuckerberg afirma que tem muito potencial e que, futuramente, será tão importante quanto o Stories é hoje. Com a mudança do Instagram e Facebook para os vídeos, Zuckerberg afirma que Reels estará mais ao centro da experiência dos usuários.

Afirmou ainda que a estratégia da empresa para os próximos anos é disputar pelo jovem adulto (de 18 a 29 anos), um segmento que sua empresa tem disputa direta com o TikTok, uma rede social que Zuckerberg afirma como “um dos concorrentes mais eficientes” que já tiveram e, por isso, o crescimento do Facebook neste segmento será mais lento.

Sharon Sandberg, COO da companhia, afirmou que mais de 60% da receita com vídeo vem de vídeos móveis ou efêmeros, ou seja, gravações feitas verticalmente ou em menos de 15 segundos. Mais de 2 bilhões de pessoas por mês (MAUs) assistem a vídeos que são elegíveis para publicidade em stream – que aparecem antes ou depois do vídeo.

Metaverso

Com a disputa acirrando no universo mobile, Zuckerberg mira o crescimento a partir da melhoria da plataforma e de novas soluções, mais especificamente o Metaverso – universo digital que envolve realidade aumentada, realidade virtual, conteúdo digital, sistema operacional próprio e plataforma de digital commerce.

“Nossa missão com o Metaverso é alcançar 1 bilhão de pessoas e gerar centenas de bilhões de dólares em negócios digitais”, prevê o CEO. “Não é só óculos de realidade virtual ou aumentada. O Metaverso é uma grande área para nós. Ela é crítica para a nossa missão (de conectar as pessoas no mundo). Na próxima década esta plataforma liberará experiência que eu sonhava antes de criar o Facebook”, completou, ao lembrar que semana que vem haverá mais novidades sobre o novo formato dessa nova plataforma.

Vazamentos

Embora o trimestre do Facebook tenha sido abaixo do esperado, o que tirou o CEO da companhia do sério foi a nova denúncia publicada pelo Wall Street Journal que Zuckerberg sabia que a rede social estava priorizando os ganhos financeiros ante uma plataforma mais saudável, ou seja, com discursos mais iguais, redução de desinformação e de discurso de ódio.

Vale lembrar que esta foi mais uma de uma série de matérias a partir de uma série de documentos obtidos pelo jornal junto a uma ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, que ajudou a coordenar pesquisas de comportamentos e possíveis danos aos usuários dos aplicativos da empresa. A série ficou conhecida como ‘Facebook Papers’.

Na conferência com analistas, Zuckerberg tratou de defender a companhia e acusar os denunciantes: “Eu acredito que grandes organizações devem passar por escrutínio. Mas na minha visão, vejo um esforço coordenado para vazar documentos previamente escolhidos para trazer uma falsa visão da nossa companhia. Na verdade, temos uma cultura aberta que encoraja discussão e pesquisa sobre o nosso trabalho. Para que possamos fazer progresso em muitos temas que não estão necessariamente ligados a nós”, disse.

“Quando tomamos decisões, precisamos balancear atividades sociais. Como liberdade de expressão versus redução de conteúdo danoso, ou forte privacidade versus informar as autoridades, ou permitir pesquisas e a habilidade de interromper com o máximo de dados possíveis. Dá boa audiência dizer que nós não resolvemos alguns desses problemas, pois focamos em dinheiro. Mas, na verdade, essas questões não são sobre os negócios. Elas são sobre balancear diferentes valores sociais. E eu clamo constante por regulação para trazer clareza, pois não acredito que as companhias devem tomar algumas dessas decisões sozinhas”, completou ao afirmar que gastou US$ 5 bilhões em segurança em 2021.

Durante a conferência sobre os resultados do terceiro trimestre de 2021 da empresa, Zuckerberg disse ainda que “não importa o que o Facebook fizer, nós nunca vamos conseguir fazer isso sozinho”. Deu como exemplo o fato de que a polarização “existe nos EUA antes de eu nascer”. E disse que algumas pesquisas (sem revelar quais) mostram que, em muitos países no mundo, a polarização está estabilizada ou em queda; mesmo com o uso de rede social.

“A verdade é: as redes sociais não são o principal guia desses assuntos e provavelmente não podem resolver por si só”, se esquivou o CEO.